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Sétimo mês.

Comecei a sentir umas dores na parte superior direita do abdômen, um palmo acima de onde foi a cirurgia do transplante. Eu achava que era algo no rim, mas os exames revelaram que era a filha da mãe da pedra na vesícula (sei da existência dela desde 2013, se não em engano… é… UMA VERGONHA DIZER ISSO). A pedra já está nos seus 2 cm e resolveu dar o ar da graça e começar a aprontar. E para piorar a situação, os níveis das enzimas do figado começaram a ficar altos. Resultado? Fui encaminhada para o setor de Cirurgia Geral para ver se arrancar a vesícula de uma vez.
E vou dar um conselho bem útil, quem pretende transplantar, resolvam todas as coisas que precisam de cirurgia ANTES do transplante, porque arrancar uma unha encravada depois do transplante já é tenso, imaginem uma cirurgia. Não façam igual a pessoa aqui, que ficou adiando e agora vai pagar o preço né?Afinal, provavelmente só vão me operar se eu for parar no PS com muita, muita, muita dor. Operar em emergência não é o mundo ideal para nós… fica a lição. E um puxão de orelha em mim mesma. CABEÇÃÃÃÃO!
Tirando esse detalhinho (afinal, são só 2 cm :D), o rim esta bem.

Medição do sétimo mês da Creatinina:
1- 1,15 (05/09)

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Sexto mês.

Não fiz exame de sangue, porém, tive outras consultas com outros especialista, para aproveitar as férias da faculdade que praticamente se estenderam até meio de agosto. Acabei passando com a equipe de Osteodistrofia, dermatologia e também na ginecologia.
O bom de se tratar no HC, é que todo tratamento fica centrado lá, então uma especialidade acaba tendo todo o seu prontuário, ou seja, eles tem acesso a todo meu histórico como paciente, não somente da área dele, mas de todas as que eu já passei e de vários anos atrás (no meu caso eles tem dados desde 2009 e sim, eles usam esses dados para fazer uma evolução do meu caso).
Neste mês eu passei também no Uro/Cirurgião, me avaliaram e acabaram me dando um baita intervalo para a próxima consulta, quase 6 meses para o próximo retorno. Como a quantidade de linfocele acumulada no abdome estava bem pequena (15 ml), foi me dito que o próprio corpo iria absorver, não tinha necessidade de continuar acompanhando com tanta frequência. Eu adorei, rs.

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O segundo mês – Parte I.

O primeiro mês passou e a creatinina em queda constante.
Consultas semanais e apenas exames de sangue após a alta hospitalar.
Após aumento da dose do diurético a perna desinchou, não senti nenhum problema na respiração e o peso que ganhei após a cirurgia começou a ser perdido.
Tudo caminhava muito bem.

Já no começo do mês eu havia agendado a retirada dos pontos e do suspeito Duplo J. Digo suspeito, porque cada pessoa que conversei teve uma experiência diferente com ele. Algumas pessoas sentiam ele, outras disseram que só descobriram a existência dele no dia que foram para retirar, outras que sofreram muito para retirar, outras que simplesmente não sentiram absolutamente nada.

Abaixo eu relato MINHA EXPERIÊNCIA PESSOAL, peço que não se baseiem no meu caso, o que aconteceu comigo é bem difícil de acontecer com outra pessoa. 

Quem não tem estômago forte, pare de ler aqui.
01/04 – Retirada do Duplo J e dos pontos.
Sempre quando tenho alguma consulta/procedimento no HC na parte da manhã eu costumo madrugar lá. Gosto de chegar bem cedo para ser um das primeiras a ser atendida. Isso só não funciona quando é consulta com a minha nefro s2 que avalia o transplante, neste caso, eles só me dão a senha 30m antes do horário agendado.
Então, como o procedimento estava marcado para as 8hrs, eu cheguei cedo e fui uma das primeiras na famosa fila da Urologia. Quem conhece sabe do que estou falando, rs.
Quando a ala finalmente abriu, peguei a senha e ainda eram 7hrs. Eu fiquei sentada nas cadeiras do lado de dentro da ala da urologia e fiquei esperando o grande momento.
O que mais queria era tirar os pontos. Eu já estava há 1 mês e 2 dias com eles e era bem desconfortável, repuxavam demais.
Foi aproximadamente 8:40 quando me chamaram para a sala de procedimentos, lá eu não sabia o que me esperava, eu realmente havia colhido tantas experiências que percebi que cada pessoa era de um jeito.
Quando entrei na sala, vi que era uma sala bem pequena, com teto baixo e todos equipamentos bem muquiadinhos.
Quem apareceu primeiro foi uma enfermeira. Um doce de pessoa, extremamente delicada, me ajudou a me preparar para a retirada do Duplo J.
Vesti um avental e deitei na maca que parecia aquelas mesas ginecológicas, rsrs, suuuuuuuuuuper desconfortável… Tive que ficar numa posição bem… enfim… rs… Então a enfermeira sempre pedindo permissão, passou xilocaína lá nas partes baixas, perto da entrada da uretra… É amigos, cada vez mais desconfortável, rsrs… e nesse momento eu fiquei com inveja das pessoas que relataram que foram sedadas para esse procedimento. Eu não fui. Estava lá, tendo direito a todas as sensações, rsrsrs.
Quando o médico entrou, acho que dei o maior sorriso do mundo… Imaginem a cena, eu lá… toda “à volonté”, sorrindo para o médico, hahahahahaha… Eu explico.
Quando transplantei esse médico e o cirurgião que fez a cirurgia s2 que ficaram fazendo o checkup diário da incisão, então eu já o conhecia e assim fiquei mais tranquila, sabia que estava em boas mãos.
O médico se encapou inteiro, dos pés até cabeça, parecia aqueles filmes de contágio, rsrsrs.
E após isso começou a preparar as ferramentas. Quando vi o que seria inserido pela minha uretra a dentro eu quase pulei da maca e saí correndo.
Vou tentar descrever a visão que tive.
Ele pegou uma ferramenta que tinha uma câmera na ponta (com uma luz hiper forte) e essa mesma câmera tinha uma espécie de pinça que puxaria o tal Duplo J.
O tamanho dessa ferramenta é um pouco maior que uma régua (no meu ponto de vista, posso estar errada), e ele tinha a mesma espessura de um canudinho de boteco, aqueles mais finos e coloridos. Claro que fiquei tensa, claro, quem não ficaria? Um negocio rígido e comprido entrando num espaço bem pequeno, o que me consolava é que parecia fino.
O médico depois de tudo preparado ligou o ultrassom que estava atrás da maca onde estava deitada e deixou ele pronto para a ação.
Assim como a enfermeira, ele foi super delicado e cuidadoso, sempre avisando o que iria fazer e pedindo permissão, achei válido.
Então começa a sessão dramalhão. Ele tentou sozinho inserir a tal ferramenta na uretra, mas tava difícil, então ele pediu auxilio para a enfermeira que otimista já estava deixando preparado o material do próximo paciente, hahahaha…
Agora vem a cena mais bizarra/comédia do momento. A sala era pequena, apertada e tinha duas luzes queimada, então a iluminação estava ruim. Diante disso, ele pediu para a enfermeira pegar o celular dele e ligar a lanterna e mirar a luz lá… sim… lá…
Eu quando estou nervosa digo as coisas mais absurdas e tontas do mundo. Comecei a rir com a cena e falei para os dois, “nada de selfie hein?”, HAHAHAHAHAHAHAHA…
Os dois se olharam e devem ter pensado “que doente mental, acho que transplantamos órgão errado”, HAHAHAHAHAHAHAHHA…
Claro que fiquei sem graça mas… já tinha acontecido. E senhores, o dia ainda ia piorar MUITO.
Quando finalmente ele conseguiu inserir o raio da ferramenta eu vi estrelas… sério, aquela xilocaína não fez nem graça, doeu, doeu muito, doeu rude.
E para piorar minha situação, ele não estava achando a ponta do Duplo J, então dá-lhe cutucar de tudo quanto é jeito pra tentar achar esse danado.
Depois de mais ou menos 20 minutos, que me representou dias de demora, ele finalmente achou o raio do cateter. O Duplo J estava posicionado bem errado. Geralmente fica uma pontinha na bexiga, o meu estava todo no uréter. Suei de tanta dor.
Mas assim que achou, puxou que nem percebi, quando olhei ele estava jogando uma mangueirinha branca no lixo.
Bom, a parte 1 foi concluída, então era a hora mais esperada: retirar os pontos.
O medico avaliou ponto por ponto e autorizou a enfermeira a tirar todos eles.
Enquanto o medico tirava as vestes de contágio a enfermeira começou a tirar os pontos, só que quando chegou no quinto ponto, eu virei um chafariz humano.
A enfermeira só falou “vishhhhh” e o médico correu pra ver o que era. Aí corre médico pegar gaze para segurar a aguaceira.
O médico assumiu o posto da enfermeira e começou a drenar essa água. Não era pouca não. Foi MUITA água saindo pelo ponto, tanto que não deram conta, eu acabei molhando a maca, o piso, minha blusa, o avental… foi loucura total.
Enquanto o médico ficou drenando, ele pediu para enfermeira retirar o restante dos pontos para ele ver se mais algum iria vazar também.
Eu fiquei bem desanimada, confesso.
No total foram 21 pontos e somente o de numero 5 resolveu abrir o bico. O interessante nessa experiência é que onde eu achei que tava inchado por causa do rim, na verdade era PURA ÁGUA!!! Acho que o medico ficou mais de 30m drenando água. Até que ele achou que tinha drenado tudo. Sem exagerar, quando cheguei em casa me pesei, eu perdi 3kg nesse dia, só de água.
Quando sentei para me vestir e ir embora, o negocio desembestou novamente a vazar e não foi pouco não. O medico drenou mais um pouco e saiu para atender uma intercorrência, fiquei eu e a enfermeira que já havia devolvido o material do próximo paciente para o armário, rsrsrs.
Quando tudo parecia controlado eu levantei e o que aconteceu? Sim… mais água.
O médico voltou, me prescreveu dois antibióticos devido ao buraquinho que ficou na incisão, tudo pra não infeccionar e saiu novamente. Disse para não me preocupar, que é melhor que eu elimine assim esse liquido do que ele ficar acumulado, que com o tempo ia fechar sozinho.
A enfermeira delicada já estava impaciente, não parava de vazar, então teve a ideia genial de pegar uma fralda geriátrica e me deu para vestir…
Assim… A primeira vez que andei de cadeira de rodas no hospital foi um dos momentos mais traumáticos da minha vida (eu narrei isso nas primeiras postagens), só que nada supera a sensação de USAR FRALDA!!! Quando saí da sala de procedimento percebi que havia ficado lá dentro mais de DUAS HORAS!!! Sim… duas horas. Fiquei com pena dos pacientes que viriam depois.
Enfim, problema solucionado senhores? Nada disso. Cheguei na porta do hospital para ir na farmácia retirar os antibióticos, quando percebo estava totalmente molhada. Minha sorte foi estar de calça preta, então não dava para perceber já que ela ficou toda molhada, estava tudo da mesma cor, rsrs… Pois é, a fralda não deu conta. A minha sorte é que tenho uma intuição muito boa e por algum motivo, eu tinha uma fralda geriátrica na bolsa, corri no banheiro e troquei. Ufa, alivio. Nem quis ficar na farmácia para pegar remédio, corri para casa, tomei um belo banho e fiquei vazando, vazando, vazando…
O dia acabou, porém, esse vazamento foi longe comigo.
Na próxima postagem eu detalho mais o que aconteceu, por hoje fico por aqui.
Um grande abraço a todos.
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O primero mês…

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Olá amigos. Eu já entrei no 6 mês de transplante e tudo esta muito bem, sei que estou devendo informações, então vou escrever mês a mês o que aconteceu, hoje sai o mês 01, se Deus quiser e os anjos do TCC me ajudarem, rsrsrsrs, quinta que vem eu escrevo sobre o mês 02, que foi o mais “interessante” dentre esses 6 que já passaram. Qualquer dúvida que tiverem em relação a algo que eu escrever aqui, podem comentar que eu respondo, ou se preferir me mandem e-mail (esta ali no menu ao lado).
Bom, minha internação durou 8 dias e se não fosse o emocional meio abalado, diria que tinha sido 100% perfeita.
Na primeira semana de alta já tive minha primeira consulta com a equipe de cirurgiões da urologia. O médico, super atencioso, viu minha perna e disse que era normal estar inchada (relatei sobre isso no post anterior), que conforme os dias passassem iria melhorar.
Nesta mesma consulta, ele já fez a solicitação da retirada dos pontos e do Duplo J, que seriam somente em 3 semanas.
Na semana seguinte, fiz o primeiro exame de sangue pós alta e passei na psicóloga. Lá foi uma reunião de transplantados, eu e mais 3 senhores também recém transplantados. O que pude perceber lá, que é a taxa de perda do enxerto é calculada meio errada, acho que a idade vai influenciar muito, porque os três senhores já na primeira semana deles estavam tomando os remédios de forma errada e já haviam esquecido de tomar pelo menos uma vez cada um. Ou seja, muitos aí comem bola, por isso o órgão acaba não durando tanto. Minha opinião.
Ainda na psicóloga, relatei que não estava me sentindo bem emocionalmente, que estava triste, não conseguia ficar feliz. E segundo ela, tinha grandes chances de ser algum dos imunossupressores, a principio não botei muita fé, já que estava triste um pouco antes do transplante. Porém, depois confirmei, já que assim que começaram a diminuir as doses, eu melhorei muito de humor.
Aproveitei que estava lá no hospital e resolvi passar no pronto socorro, a perna inchada não estava me agradando nada. Depois de um rolo enorme por falta de experiência minha no pronto socorro, eu fui atendida. O que o cirurgião disse na sexta anterior, eles confirmaram lá. Pés para alto e é normal ficar inchado e com o tempo iria melhorar. Fui para casa exausta, andar cheia de pontos na barriga era bem incomodo.
Ainda nesta mesma semana, passei na primeira consulta com a médica nefrologista que iria me acompanhar de agora em diante. Fiquei muito feliz, uma médica super atenciosa e preocupada com o bem estar do paciente, sem pressa de atender, tira todas as dúvidas, enfim, adorei. Ela aumentou a dose do diurético e disse que o inchaço da perna iria diminuir. A creatinina já estava em 1.39 e tudo estava dentro do esperado. O retorno seria na próxima semana.
O esquema ficou da seguinte forma, de segunda iria colher o sangue para na terça passar em consulta e na farmácia para retirar os medicamentos, já que toda semana os mesmos eram ajustados.
A semana seguinte a creatinina aumentou um pouquinho, mas nada significante, a médica ficou super feliz e tudo estava além da expectativa até, somente minha glicose que estava dando uma alterada, resultado disso, nada de açúcar na dieta.
Em casa as coisas eram um pouco mais difíceis no sentido de ter autonomia para levantar da cama, deitar na cama, ir para o banheiro (que acontecia a cada 2 horas, inclusive nas madrugadas). No total foram 21 pontos e como eles repuxavam um pouco, era difícil fazer alguns movimentos, mas nada era mais horrível do que espirrar, rsrsrs, parecia que todas tripas iriam para fora, rsrsrs. Isso porque eu segurava a cirurgia pra nada escapar, rsrsrs.
Estava ansiosa para retirar os pontos e ficar livre para me movimentar normalmente. Só que isso só aconteceu no inicio do segundo mês, então vai ficar para uma próxima postagem.
Completei o primeiro mês já com a perna desinchada e com as alterações de humor solucionada, que no meu caso era a Prednisona a culpada.
Medição do primeiro mês da Creatinina (pós alta hospitalar):
1- 1.39 (14/03)
2- 1.44 (21/03)
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O transplante – Parte 03.

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01/03 – Um passo por vez
A terça chegou e como de costume fomos acordadas (eu e a Cris) às 6h da manhã. Aferida a Pressão, batimento cardíaco e o destro, ficamos em paz novamente. Geralmente voltaria a dormir até as 8h quando a enfermeira aparece com os imunossupressores, mas dessa vez eu estava mais animada.
Sem dores significativas, apenas algumas fisgadas quando sentava ou levantava da cama, eu fiz minha primeira caminhada para me pesar pela primeira vez, toda manhã antes de tomar café era necessário andar até a balança para se pesar. Como já tinha pegado o esquema com minha irmã de quarto, a Cris, peguei o suporte de soro e coloquei a sonda pendurada nele e tentei dar meus primeiros passos sozinha. A sensação quando muda a sonda de lugar é muito esquisita, quanto mais próxima do chão ela ficar mais confortável é, mas até eu entender isso, eu fiquei andando com essa sensação bizarra, como se a bexiga estivesse cheia. Como estava na cama há 3 dias praticamente, eu comecei andar como se tivesse bebido todas na noite anterior, estava totalmente sem equilíbrio, mas fui firme no objetivo de ir me pesar. Meu quarto ficava a uma distancia considerável da balança, dando passinhos de formiga, cheguei na bendita e subi. O primeiro susto do dia, eu havia ganhado 6 quilos durante o transplante.
Voltei pro quarto cambaleando, o rim transplantado parecia que pesava uns 3 quilos, a sensação de ficar em pé com algo dentro da barriga que não estava lá antes é difícil de definir, eu sempre que dava um passo parecia que iria tombar para frente.
No quarto havia apenas uma cadeira, então eu e a Cris começamos a revezar nela, mas como eu ainda não estava com muita confiança para ficar sentada, eu preferia levantar toda cabeceira da cama e ficar sentada nela. Isso chateou os médicos que diziam que tinha que sentar na cadeira e não ficar só na cama… Então que ao menos colocassem DUAS cadeiras no quarto, né?

A mocinha (não peguei o nome dela) que colhe o exame de sangue logo cedo apareceu, foi feita a coleta de 6 tubinhos e uma seringa para gasometria.
Meu destro começou a ser medido 4x ao dia, minha glicose estava começando a alterar. Segundo todo os profissionais de saúde que conversei (médicos, enfermeiras e técnicos), isso era devido aos imunossupressores, porém, sempre que interno minha glicose sobe, então eu fiquei com um pé atrás com isso.
Antes do café as técnicas aparecem para trocar a cama e fornecer o necessário para tomar banho e dar os imunos. Eu mais que depressa peguei minhas coisas, o avental limpinho e corri para o banheiro, não ia deixar ninguém dar banho em mim. Contudo, ainda estava com receio de ficar sozinha dentro do banheiro, eu não tinha ficado muito tempo em pé, sentia minhas pernas fracas.
Com fé e coragem, entrei no chuveiro. Com ajuda da agua quente fui removendo o curativo. Mais uma vez uma aflição tremenda, conforme o micropore ia descolando da pele, eu olhava para o teto tentando ganhar coragem para puxar aquele negocio de uma vez. Mas não consegui, ele caiu sozinho. Percebi que em apenas uma parte pequena do curativo estava suja de sangue.
O banho foi bem esquisito, o chuveiro era bom, mas mesmo depois de ter terminado eu não me senti limpa.
Vesti o avental errado e saí do banheiro para pedir ajuda para alguém arrumar a caca que fiz com o avental. Minha sorte é que o avental era grande, então cobriu tudinho.
Sentei na cadeira enquanto a Cris descansava na cama, não gostei da sensação, parecia que meus pontos iriam estourar. Fiquei esperando meu medico passar para ele ver que estava sentada e depois que ele passou, corri para a cama, rsrsrs.
O almoço veio, horrível, dispensei, peguei a maçã da noite anterior que não havia comido e tracei ela.
Quando se esta no hospital não se tem muito o que fazer, é bem entediante mesmo. Por algum motivo ainda estavam me dando medicamentos fortes para dor, então eu tirava alguns cochilos prolongados.
O começo da noite veio e como prometido, a fisioterapeuta apareceu. Dessa vez eu topei caminhar com ela.
Ela pegou leve até, eu pensei que ela iria caminhar comigo pelos corredores afora da ala do transplante renal, mas eu andei somente pela ala mesmo. Ela disse que ficou feliz, eu parecia mais disposta, mas poxa vida, eu estava no terceiro dia ainda, TERCEIRO!!! Eu já tava achando muito… povo exigente, rsrsrs…
Após o passeio com a fisioterapeuta, ela me ajudou a sentar na cadeira do quarto e foi embora.
Depois de alguns minutos sentada o curativo não deu conta e acabou vazando um pouco, mas o suficiente pra eu ficar preocupada e bem triste, então toda a evolução que tive no dia foi pro ralo. E então mais uma noite indo dormir chorando.

Resumo técnico do dia:
– Urinei 600ml, menos que o dia anterior o que me deixou preocupada.
– O medico mais uma vez avisou que a creatinina havia caído um pouquinho mais, sem revelar o numero.
– Não senti dor, somente o estômago ainda estava queimando bastante.
– Passei o dia mais sentada que deitada, mas depois que o curativo vazou, perdi a coragem de sentar e fiquei deitada.

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Dia dos Médicos.

81
Para todos os  médicos o meu imenso carinho e gratidão. São heróis que mesmo sem poderes especiais e principalmente sem as ferramentas básicas necessárias, conseguem melhorar a vida de muitas pessoas. Parabéns pela escolha da profissão mais difícil, porém, deve ser a mais recompensadora (não digo monetariamente) do mundo. Obrigada pelos anos de dedicação, desde seus estudos, que são contínuos, tanto quanto pelo tempo despendido para nos atender e fazer a diferença.

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Estenose Venosa… (Parte I)

Há quase um ano, comecei a sentir um pequeno incomodo no ombro direito, percebi que estava ocorrendo uma vascularização na região. O tempo foi passando e esse pequeno incomodo foi aumentando cada vez mais, até o momento em que apenas um fio de cabelo encostasse na região, desencadeava uma sensação bem desagradável. A clínica onde faço hemodiálise me encaminhou para o vascular deles, que fica próximo a outra clinica onde dialisava antigamente, e apesar de ter conversado com vários renais sobre esse vascular, e a opinião que recebi sempre foi negativa, aceitei ir nele mesmo assim, com a mente aberta.
Chegando lá, como praxe, encarei a sala de espera, e nela acabei cruzando com outra paciente que dialisa na mesma clinica que eu, e estava na sua segunda consulta com o vascular. Conversa vai, conversa vem, mais uma opinião negativa a respeito do Dr., tentei não pegar birra, mas absorvi todos os comentários para na hora da consulta avaliar melhor.
Chegou a hora da minha consulta, quando entrei no consultório uma enfermeira sentou do meu lado, havia ido até a consulta bem preparada, tinha feito 3 Holters, um do braço direito, outro do braço esquerdo e uma na região do ombro/pescoço. Logo que sentei já comecei a mostrar ao médico que a região incomoda estava vascularizada e tinha inclusive uma área saltada, como se fosse uma bolinha de gude por baixo da pele, e que era possível sentir inclusive frêmito da fístula por essa bolinha que esta na região da clavícula. O médico foi até simpático, mas me atendeu do outro lado da mesa e lá ficou até o final da consulta, tentei mostrar os Holters, ele simplesmente ignorou, olhou de longe a tal vascularização e a “bolinha de gude”, e disse que isso era porque a fístula havia desenvolvido muito, que era normal e eu teria que aguentar, ele não encostou um dedo em mim, deu seu parecer do outro lado da mesa e ainda ouvi a seguinte frase: “você tem apenas um acesso, e se perder, não é o fim do mundo, mas a contagem regressiva para ele vai começar”. Imaginem como fiquei desequilibrada, frustrada, e mais um monte de sentimento negativo, o pior de tudo, é que dentro de mim sabia que não era somente a fístula que havia se desenvolvido, tinha alguma coisa errada ali e eu tinha que identificar. Saí do consultório pior que entrei, ainda com o incomodo, sem nenhuma solução para o ele, e agora muito mais desanimada. Na clinica expus o que aconteceu, ligaram para o médico pedindo satisfação a respeito da minha consulta, e o mesmo disse para eles o que me disse, ou seja, que não tinha jeito que a fístula tinha desenvolvido demais. Eu pedi na clinica para passar com o vascular que fez minha fístula, mas não quiseram, inclusive cheguei a mostrar minha “Bolinha de Gude” para um dos donos da clinica, que optou pelo mesmo discurso do vascular e não autorizou a consulta, fiquei frustrada com a postura da clinica, onde ficou claro que nesse caso estava visando o $ e não o bem estar do paciente, mas até hoje, foi o único ponto em que essa clinica pecou comigo, pois ela é excelente (merece um post que irei escrever em breve também).
Minha opção foi tentar uma segunda opinião com um vascular do convenio, depois de seis meses entre consultas e exames, o vascular do convenio chegou a conclusão que não sabia o que estava acontecendo e me encaminhou para outro vascular que trabalhava no hospital que havia ficado internada (também merece um post), como odiei o atendimento hospitalar que recebi, eu resolvi correr desse vascular, minha terceira e ultima opção era tentar pagar uma consulta particular com o vascular que confio, mas acabei não precisando, o Dr. L conseguiu marcar a consulta pela clinica.
Entre o começo dessa complicação até o momento que eu consegui finalmente me consultar com o vascular certo, passaram mais de 12 meses, ou seja, um ano para tentar identificar o que estava acontecendo.

No próximo post escrevo com detalhes a continuação dessa saga.

Saúde e força,

Um forte abraço.

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Quinta-Cheia… Parte II

Eu resolvi escrever esse texto dias depois, para não se tornar um post emocional e sim um post racional.
A opinião deixada aqui não é generalizada, é apenas para aqueles onde a “carapuça servir”.

Todo ser humano, sem distinção de qualquer espécie, seja de  raça, cor, sexo,  língua, religião, idade, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou condição sócio-econômica, nascimento ou qualquer outra condição,  tem direito a um padrão de vida que lhe assegure saúde e cuidados médicos. Entende-se por saúde, não a ausência de doença,  mas  o  resultante  das  adequadas  condições  de  alimentação,  habitação, saneamento, educação,  renda, meio ambiente,  trabalho,  transporte, emprego,  lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. Este conceito amplo significa a garantia pelo Estado dos direitos sociais fundamentais de cidadania. Assim entendida, a saúde de uma comunidade não pode ser o resultado da atuação isolada de uma única profissão, mas sim das atividades multiprofissionais. A Medicina, enquanto profissão tem por fim a promoção, preservação e recuperação da saúde, e seu exercício é uma atividade eminentemente humanitária e social. É missão do médico zelar pela saúde das pessoas e da coletividade, aliviar e atenuar o sofrimento de seus pacientes, mantendo o máximo de respeito pela vida humana, não usando seus conhecimentos contrariamente aos princípios humanitários.


Para eu descobrir que meus rins pararam de funcionar, eu passei por mais de 15 médicos, onde todos eles me tratavam com antibióticos (veneno para os rins), pediam RX e me liberavam em seguida. A maioria sempre me atendia com pressa, como se o que eu estava sentindo não fosse importante ou não fosse verdade. Lembro que em uma das ultimas tentativas em obter um diagnóstico, eu cheguei a chorar dentro do consultório implorando para que o médico investigasse melhor meu caso, e ele até tentou, pediu uma ressonância magnética da coluna, onde só me chamaram para fazer quando estava já há 1 ano na hemodiálise (ou seja, quase 2 anos esperando ser chamada para o exame).
Após o diagnostico, eu passei por mais médicos ainda, incontáveis, o atendimento em sua maioria foi o mesmo, os médicos parecem ter um cronometro onde te deixa falar por 2 minutos,  então te interrompe, fala algo que você já sabe, você tenta argumentar que não é bem pra isso que você esta lá, aí você passa a ser desprezada e teorias do que você tem e/ou precisa são criadas em segundos, recebe uma receitinha médica e um “tchau”.
Pensando que o problema era eu, entrei no consultório com mãe, com irmão e o esquema continuou o mesmo, parece existir um fluxograma no atendimento ao paciente, eu vejo um médico robô e o medico deve me ver como mais um numero.
Quinta passada  tive que voltar a consulta com a Nefrologista do Hospital Brigadeiro, eu havia adorado o atendimento dela, tanto que ela também me atendeu no Hospital das Clinicas. Eu estava criando uma expectativa tremenda em cima dessa consulta, porque algumas coisas seriam definidas e eu tinha certeza que ela me ajudaria também em questões não relacionadas aos rins, me encaminhando ao lugar certo.
Havia chegado muito cedo no hospital, então fiquei ouvindo conversas, escrevendo algumas idéias e conversando com minha mãe, até que descobri que iria passar com outro médico, que a Dra. que me atendeu antes não iria estar lá. Fiquei desapontada, esse negocio de cada vez passar em um medico diferente e ter que contar tudo novamente, mesmo quando tem tudo descrito em seu prontuário é cansativo. Bom, apesar do desapontamento, ainda estava ansiosa, e até o momento, todos os médicos que havia passado no Hospital Brigadeiro foram extremamente gentis e preocupados em fazer o melhor.
Quando o medico chegou, havia apenas eu e mais uma paciente para passar com ele, fiquei tranquila, porque devido a isso, achei que o medico não iria correr na consulta.
Ao entrar no consultório, como previsto, eu tive que explicar tudo desde o começo, e quando informei que estava dialisando apenas 2x por semana e por 03h30min. a consulta acabou ali e virou um bate-boca com insinuações e desrespeito.

Segue o dialogo, lembro como se fosse hoje.
Médico: O que você fez para aprovarem você apenas 2x por semana?
Eu: Não fiz nada, meu medico decidiu isso por eu passar muito mal na hemodiálise.
Médico: Pode falar a verdade, você trapaceou.
Eu: Se lutar pela vida toda vez que eu dialisava era trapacear, então realmente eu o fiz.
Médico: Você sabe que passar mal durante a hemodiálise é praticamente normal, nem por esse motivo você tem que deixar de ir.
Eu: Eu tenho ciência disso, e nunca iria me prejudicar para ganhar um dia livre, quem vai em 2, vai em 3.
Médico: Não é bem assim, estamos falando de um dia inteiro livre dos sintomas da diálise.
Eu: E eu estou falando da minha vida.
Médico: Você é muito irresponsável por fazer hemodiálise 2x por semana e ainda por 03h30min, o correto são 3x pro semana por 4 horas.
Eu: Bom, eu vim aqui resolver outros problemas e não discutir a frequencia com que eu faço hemodiálise.
E mostrei a lista que havia feito, com sintomas, medicações que tomo e os resultados do PTH.
O medico simplesmente ignorou a lista, e falou que todos os sintomas são normais sem nem ao menos ler o que estava escrito, acontece que alguns sintomas que descrevi não são relacionados aos rins, ele nem se deu ao trabalho de ler.
Estava emocionalmente abalada e não conseguia nem me expressar mais, simplesmente o deixei falar, falar, falar, falar, falar… Eu não estava acreditando na postura do “profissional”, achei extremamente antiético receber acusações. O médico tirou conclusões a meu respeito sem me conhecer, era a primeira vez que ele estava me vendo. 
Após o deixar falar pelos cotovelos, eu peguei meus exames que estavam todos espalhados pela mesa onde ele analisou porcamente alguns deles e saí do consultório quase chorando.
Saí tão mal do consultório que voltei para casa passando mal, fiquei o resto da quinta passando mal e passei mal na sexta também, só me acalmei no sábado. Passei mal por nervoso, por frustração, por ser atendida por um cavernoso, que acha que tratar paciente deve ser como os homens das cavernas dos desenhos animados fazem para conquistar uma mulher, ou seja, com um porrete na cabeça.
Vale a pena estudar vários anos, varias horas por dia, para se tornar isso? Se alguém quer trabalhar com medicina deve amar incondicionalmente o ser humano, deve ter tato para lidar com as pessoas ou senão trabalhar com pesquisas, assim evita a fadiga de ter que tratar o paciente diretamente.
Se eu me proponho a fazer algo, eu quero fazer da melhor forma e ficaria envergonhada de fazer um trabalho porco, ainda mais se interferisse na vida de outra pessoa.
É triste passar por uma situação dessas, mas lamento ainda mais pelo médico, uma pessoa ignorante, só espero que um dia ele aprenda a tratar melhor seus pacientes.

Não são todos os médicos que são assim, conheço médicos maravilhosos, mas infelizmente na maioria, parece que os princípios giram em torno de dinheiro e interesses próprios, quando que para essa profissão, a essência da comunidade e da generosidade deveria ser superior ao materialismo.
Eu não faço idéia de como é a realidade dos médicos, não sei quais são as maiores frustrações, as maiores dificuldades, mas a partir do momento que escolheram tratar de outras pessoas, a postura profissional deve ser mantida independente da vida pessoal. Como citei, médico deve ter amor incondicional ao ser humano e deve tratar por igual seus pacientes, independente do histórico.


Conclusão: Seria melhor não ter pego chuva, nao ter esperado mais de 2h pela consulta e ter ficado em casa dormindo, pois não me ajudou em nada passar na consulta com esse médico, pelo contrario, só me atrapalhou.


Obs: Saí tão frustrada, que deixei o Ecocardiograma em cima da mesa do médico e só percebi na sexta, se ele não colocou o exame no meu prontuario, terei que fazer outra vez o Eco (se não aceitarem uma copia que tenho escaneada).
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Hospital das Clinicas…

O Hospital das Clinicas de São Paulo é o maior e mais importante complexo médico-hospitalar da América Latina, sendo referencia internacional em diversas áreas. É praticamente uma cidade da medicina, onde você encontra todo o tipo de tratamento, especialista, etc.
Para ter acesso ao complexo você precisa ser encaminhado por outras unidades de saúde ou residir na região de Pinheiros. No meu caso, fui encaminhada pela clinica onde dialiso para investigar minhas dores.
Quando fui a primeira vez me assustei com a quantidade de pessoas, pensei comigo: “Quanta gente doente!”, é inacreditável como é cheio, tanto de pacientes como equipe médicas, eu nunca vi tanta pessoa de branco na vida, e graças a Deus não tenho mais a síndrome do Jaleco Branco, rsrsrs…
Apesar de ser cheio e um pouco confuso, – quando você entra no prédio principal você esta no 4° andar -, o complexo funciona muito bem, o atendimento é muito bom, os profissionais são bem treinados e a espera é razoável, compatível com a quantidade de paciente.
Pelo que percebi as consultas/retornos são geralmente de 3 em 3 meses e os exames são feitos nesse intervalo.
Eu fiquei um bom tempo sem escrever aqui pois estava na correria de exames e consultas, nesse tempo ausente eu fiz mais 2 ultrasom das paratireóides, 2 cintilografias das paratireóides e 2 exames de sangue, sendo cada exame feito uma vez no Hospital das Clinicas e também no Hospital do Transplante.
Os resultados do Hospital das Clinicas eu não tive acesso, pois os exames ficam presos no prontuário, os do Hospital do Transplante eu coloco aqui outra hora.
A primeira consulta foi apenas para abrir o cadastro no hospital, não fui examinada nem nada, a Dra. V. J. especialista em hiperparatireóidismo me deu as guias dos exames. Depois com os exames prontos, fui para a consulta de verdade mesmo, e para minha surpresa, quem me atendeu foi a mesma médica que me atende no Hospital do Transplante, foi muito engraçado. Ela e a equipe dela são extremamente atenciosos, tiraram algumas duvidas, mas no final se preocuparam mais com meu fígado do que com as paratireóides, tanto que terei que fazer um ultrasom de abdômen total para verificar o funcionamento do fígado. 
Para o tratamento do PTH que lá acusou estar em 700, eles pediram para eu tomar duas ampolas de Calcijex e Vitamina D3 e caso não melhore minhas dores, eu vou entrar na fila para fazer uma paratiroidectomia (em breve explico isso).
Vou ser honesta, eu esperava mais, por exemplo, um estudo dos meus ossos, ou até mesmo uma internação para investigar tudo de uma vez, mas não é somente eu que estou com esse problema, muito pelo contrario, tem MUITA gente com o mesmo problema que eu, resta eu esperar mais três meses para ver o que vai acontecer. O Cloridrato de Cinacalcet – Sensipar (medicamente que reduz o PTH) esta chegando no Brasil, talvez seja uma forma de eu resolver esse problema sem a necessidade de operar.
Para finalizar, assim como o Hospital do Transplante, o tratamento do HC é excelente, gostei muito e parabenizo todos que lá trabalham.