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Estenose Venosa… (Parte I)

Há quase um ano, comecei a sentir um pequeno incomodo no ombro direito, percebi que estava ocorrendo uma vascularização na região. O tempo foi passando e esse pequeno incomodo foi aumentando cada vez mais, até o momento em que apenas um fio de cabelo encostasse na região, desencadeava uma sensação bem desagradável. A clínica onde faço hemodiálise me encaminhou para o vascular deles, que fica próximo a outra clinica onde dialisava antigamente, e apesar de ter conversado com vários renais sobre esse vascular, e a opinião que recebi sempre foi negativa, aceitei ir nele mesmo assim, com a mente aberta.
Chegando lá, como praxe, encarei a sala de espera, e nela acabei cruzando com outra paciente que dialisa na mesma clinica que eu, e estava na sua segunda consulta com o vascular. Conversa vai, conversa vem, mais uma opinião negativa a respeito do Dr., tentei não pegar birra, mas absorvi todos os comentários para na hora da consulta avaliar melhor.
Chegou a hora da minha consulta, quando entrei no consultório uma enfermeira sentou do meu lado, havia ido até a consulta bem preparada, tinha feito 3 Holters, um do braço direito, outro do braço esquerdo e uma na região do ombro/pescoço. Logo que sentei já comecei a mostrar ao médico que a região incomoda estava vascularizada e tinha inclusive uma área saltada, como se fosse uma bolinha de gude por baixo da pele, e que era possível sentir inclusive frêmito da fístula por essa bolinha que esta na região da clavícula. O médico foi até simpático, mas me atendeu do outro lado da mesa e lá ficou até o final da consulta, tentei mostrar os Holters, ele simplesmente ignorou, olhou de longe a tal vascularização e a “bolinha de gude”, e disse que isso era porque a fístula havia desenvolvido muito, que era normal e eu teria que aguentar, ele não encostou um dedo em mim, deu seu parecer do outro lado da mesa e ainda ouvi a seguinte frase: “você tem apenas um acesso, e se perder, não é o fim do mundo, mas a contagem regressiva para ele vai começar”. Imaginem como fiquei desequilibrada, frustrada, e mais um monte de sentimento negativo, o pior de tudo, é que dentro de mim sabia que não era somente a fístula que havia se desenvolvido, tinha alguma coisa errada ali e eu tinha que identificar. Saí do consultório pior que entrei, ainda com o incomodo, sem nenhuma solução para o ele, e agora muito mais desanimada. Na clinica expus o que aconteceu, ligaram para o médico pedindo satisfação a respeito da minha consulta, e o mesmo disse para eles o que me disse, ou seja, que não tinha jeito que a fístula tinha desenvolvido demais. Eu pedi na clinica para passar com o vascular que fez minha fístula, mas não quiseram, inclusive cheguei a mostrar minha “Bolinha de Gude” para um dos donos da clinica, que optou pelo mesmo discurso do vascular e não autorizou a consulta, fiquei frustrada com a postura da clinica, onde ficou claro que nesse caso estava visando o $ e não o bem estar do paciente, mas até hoje, foi o único ponto em que essa clinica pecou comigo, pois ela é excelente (merece um post que irei escrever em breve também).
Minha opção foi tentar uma segunda opinião com um vascular do convenio, depois de seis meses entre consultas e exames, o vascular do convenio chegou a conclusão que não sabia o que estava acontecendo e me encaminhou para outro vascular que trabalhava no hospital que havia ficado internada (também merece um post), como odiei o atendimento hospitalar que recebi, eu resolvi correr desse vascular, minha terceira e ultima opção era tentar pagar uma consulta particular com o vascular que confio, mas acabei não precisando, o Dr. L conseguiu marcar a consulta pela clinica.
Entre o começo dessa complicação até o momento que eu consegui finalmente me consultar com o vascular certo, passaram mais de 12 meses, ou seja, um ano para tentar identificar o que estava acontecendo.

No próximo post escrevo com detalhes a continuação dessa saga.

Saúde e força,

Um forte abraço.

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Correria…

Esses últimos dias estão agitados, são várias consultas, exames, compromissos, por esse motivo estou me dedicando pouco aqui.
Minha mãe descobriu esses dias que também esta com algum problema nos rins, mas se Deus quiser, são somente pedras nos rins, nada que chegue perto do meu caso. Mas como mãe é mãe, é impossível não ficar preocupada, então estou concentrada mais nela do que em mim, amanhã pegamos o resultado de um ultrasom que ela fez, espero ter noticias boas para relaxar, a ultima pessoa que quero ver com dor ou sofrendo é ela.
Hoje também fiz uma cintilografia e ultrasom da paratireóide, o ultrasom fiquei sabendo pelo próprio medico que executou o exame, que as paratireóides estão normais, o que me deixou encanada, vou esperar o resultado da cintilografia que saí somente dia 2/11/2010, até lá, fico com um ponto de interrogação na cabeça, em breve explico como é a cintilografia, mas adianto que é tranqüilo.
Desde terça passada, meu braço esta dolorido, pois na hemodiálise eu bobiei e a agulha varou a veia, na terça não tinha hematoma, mas depois da hemodiálise de quinta feira, meu braço ficou quase igual quando puncionaram a primeira vez, não sei nem se amanhã vou conseguir fazer hemodiálise, pois não consigo deixar o braço reto, rsrs, enfim, vou deixar os profissionais da clinica avaliarem se vale a pena ou não.
É isso, vou escrever pouco hoje, pois o braço dói até para digitar. Postei dois textos abaixo que achei aqui semana passada, que eu escrevi uns dias depois que tive alta da internação. É um texto fraquinho, mas descreve o que passei no começo.
Até a próxima 🙂
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Fistula Arterio-Venosa (FAV)



O que é uma FAV?

A FAV é uma  anastomose (ligação direta) entre uma veia e uma artéria periférica de pequeno calibre. É confeccionada nos membros superiores, de preferência no antebraço não dominante –  esquerdo nos indivíduos destros e  direito nos canhotos.
Habitualmente é confeccionada utilizando a artéria radial, já que esta não é a artéria dominante em termos de irrigação da mão. Quanto mais distal for confeccionada melhor, isto para que um maior número de veias se possa desenvolver, oferecendo assim inúmeros locais de punção. Normalmente as fistulas do cotovelo desenvolvem uma rede vascular muito restrita e podem dificultar a circulação da mão.Outra razão para construir a FAV no punho é que em  caso de falência da FAV radial, ainda persistem inúmeros locais acima desta onde se pode efetuar nova anastomose.
A FAV é o acesso vascular definitivo para o tratamento hemodialítico, pela sua facilidade de utilização e pelos poucos riscos que apresenta.
O que são artérias?
Artérias  são vasos sanguíneos que partindo do coração se  vão ramificando  sucessivamente,  cada ramo de menor calibre que o anterior,  até  se tornarem em arteríolas e depois em capilares, irrigando todo o organismo. São vasos resistentes e muito elásticos. Esta elasticidade é importante para a dinâmica sanguínea, pois se dilatam com os jactos de sangue que provêm do coração, ajudando a bombeá-lo para diante. A sua resistência deve-se à existência de três camadas que  constituem a sua parede, nomeadamente à camada constituída por fibras musculares e elásticas. A sua principal função é a de transportar o sangue rico em oxigênio – sangue arterial – a todas as partes do organismo.  É a existência de oxigênio que confere ao sangue arterial a sua cor vermelho vivo.
O que são veias?
As veias também são vasos sanguíneos. Ao contrário das artérias, as veias transportam sangue vindo de todas as partes do organismo para o coração. As paredes das veias  são mais finas e frágeis, sendo constituídas apenas por duas camadas, em que nenhuma delas é constituída por fibras musculares. Isto porque o sangue dentro delas não exerce pressão.  O sangue retorna ao coração de diversas formas, nomeadamente através da gravidade, do vácuo relativo que existe aquando da diástole (fase de enchimento das aurículas do coração) e através da pressão positiva através das artérias e da ação dos músculos.  Nos membros  inferiores  devido à distância e para vencer a gravidade,  as veias dispõem de válvulas que ao abrirem e fecharem  fragmentam a coluna de sangue, facilitando a sua ascensão e impedindo que este volte para trás.
O que é que acontece quando se liga uma artéria a uma veia?
Fundamentalmente o que acontece é que vão ocorrer alterações importantes ao nível das veias que têm ligação com a artéria.  Estando sujeitas  à pressão forte e constante de uma artéria,  vão dilatar, tornando-se mais salientes e fáceis de puncionar.  Por um mecanismo adaptativo à pressão sanguínea do seu interior, vai ocorrer espessamento das paredes da veia, conferindo-lhe assim maior  resistência. Vão-se arterializar.
Este é precisamente o objetivo fundamental da FAV: o desenvolvimento de uma rede venosa superficial, constituída por veias dilatadas e resistentes, com elevado fluxo sanguíneo, capazes de suportar punções repetidas ao longo de anos.
A arterialização  das veias manifesta-se, para além dos aspectos já focados:
* na coloração do sangue, que se torna mais claro devido à  mistura de sangue venoso e arterial.
* no tipo de hemorragia que se verifica quando são lesadas. O sangue sai com pressão em jatos intermitentes.
* no tempo de hemóstase que é mais longo.
A ligação entre  a veia e a artéria vão levar ao aparecimento de um frêmito que se sente quando se apalpa a FAV. O frêmito é a sensação de movimento que o sangue gera ao passar na anastomose e que se pode sentir e ouvir sobre a FAV.
Que tipos de FAV existem?
Como regra geral, cada artéria é acompanhada por uma veia que se denomina de veia satélite. Tal como as artérias, as veias também se situam profundamente. Porém nos membros, para além das veias profundas que acompanham as artérias, encontramos inúmeras veias superficiais que se distribuem na região subcutânea.
Para a execução da FAV  utiliza-se uma artéria do membro superior e a respectiva veia satélite.
Existem sobretudo três tipos de fistulas que têm o nome da artéria e veia utilizada na sua confecção.
No punho:
* FAV rádio-cefálica ( mais comum )
* FAV cúbito-basílica (muito rara)
No cotovelo:
* FAV bráquio-cefálica

Onde se confecciona a FAV?

A FAV deve ser confeccionada, de preferência, num centro cirúrgico por um médico especialista em cirurgia vascular. Geralmente é utilizada anestesia local para a sua confecção. É uma cirurgia simples que demora em média 15 a 30 minutos.

Que cuidados se devem ter antes da confecção da FAV?
Quando se prevê que mais tarde ou mais cedo  a pessoa vai precisar fazer hemodiálise, deve-se preservar  os vasos sanguíneos do seu braço não dominante. Assim, não devem ser  efetuadas  punções  para colheitas de sangue, administração de medicação ou outro fim nos braços. Sempre que precisar colher sangue utilize as veias da mão.
Na altura da confecção da FAV, dependendo da situação específica do doente em causa,  o médico poderá prescrever  medicação anti-agregante plaquetária, como por exemplo, o ácido acetilsalisílico, com o objetivo de diminuir a possibilidade de se formarem coágulos, prevenindo a trombose da FAV (formação de coágulos = trombos)
Também pode suspender temporariamente a medicação anti-hipertensora com o objetivo de manter um bom fluxo sanguíneo e  evita a hipotensão, que é um fator de risco para a trombose da FAV. Isto porque o fluxo de sangue ao longo da anastomose se torna demasiado lento.
A partir do momento em que a FAV foi confeccionada não deve:
* Medir pressão no braço da FAV.
* Dormir sobre o braço da FAV.
* Utilizar roupas e objetos apertados. Se a FAV é no punho, não utilizar relógio nesse braço.
* Efetuar punções para coleta de exames no braça do FAV.
* Administrar medicação no braço da FAV.
IMPORTANTE: As veias do braço da FAV só devem ser manuseadas por técnicos de diálise. Só estes têm o conhecimento e a  experiência para puncioná-las.
A verificação do frêmito deve ser efetuada diariamente, pelo menos de manhã e à noite. Em caso de diminuição ou ausência, deve-se massagear energicamente a zona da FAV e ir imediatamente para clinica de  diálise.
O que é a maturação da FAV?
O processo de arterialização das veias  não é um processo imediato.  Leva um tempo. Utilizar uma fistula pouco após a sua confecção leva irremediavelmente à sua destruição. Isto porque as veias ainda não estão preparadas para serem puncionadas. O tempo de maturação da FAV é  variável, mas em média considera-se que sempre que possível uma FAV seja utilizada depois 30 dias após a sua confecção.
Se por um lado algumas fistulas ao fim deste tempo já desenvolveram capazmente a rede venosa, outras há que demoram meses.  Isto depende das características do individuo  e de patologias que possam estar associadas, como é o caso da Diabetes.
Durante o processo de maturação, devem ser feito alguns exercícios  que ajudam a dilatar e a fortalecer as veias. Neste tempo, se for necessário fazer hemodiálise, devem ser utilizados os cateteres centrais como forma de acesso à circulação sanguínea.
Quais  são as vantagens da FAV?
* Ausência de tubos penetrantes na superfície corporal
* Uso normal do braço fora das sessões de HD
* Risco reduzido de infecção e trombose.
* Acesso simples e rápido à  circulação sanguínea.
E as desvantagens?
* Necessidade de punção
* Necessidade de efetuar hemóstase
* Mau aspecto do braço devido à hipertrofia das veias e cicatrizes dos locais puncionados
* Necessidade de tempo para a sua maturação
* Risco de má permeabilização em caso de hematoma, por exemplo.
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Agulhas…

Faz quase um mês que estou fazendo hemodiálise pela fistula.
O medo da dor da picada por aquelas agulhas assustadoras, a cada sessão diminui e realmente a cabeça da gente influencia muito em nossa vida, o medo do desconhecido duplica, triplica, até quadruplica as dores, as angustias, e quando a gente realmente enfrenta tudo, vem sempre a mesma reflexão “não foi tão ruim assim”.
Viver a IRC não é nenhum bicho de sete cabeças, isso se deixar de permitir que nossa cabeça crie as outras seis. Viver a IRC tem suas preocupações, seus momentos de altos e baixos, um cuidado mais especial com o corpo, e um medo do futuro sim, mas que deve ser enfrentado de frente.
Com certeza existem casos e casos, há quem aceita o tratamento, a condição de ter uma insuficiência renal crônica, e também tem muitos que não aceitam, ou por sofrer com o tratamento, ou simplesmente por deixarem a mente criar medo e revolta, é compreensível todo tipo de atitude em uma pessoa com IRC, pois realmente é um “baque”, e saber chegar ao equilíbrio físico/mental não é fácil, mas com força de vontade, com ajuda da família, dos amigos e dos profissionais de saúde que nos acompanha (e não são poucos), tudo se acerta, é só cada um fazer um pouquinho.
A agulha, assim como foi descobrir a IRC, como foi colocar o cateter, como foi fazer a fistula, são fases, aonde o medo chega, mas com os dias, ele vai passando, e o que resta é apenas o agradecimento por existir tudo isso, pois se não houvesse cada etapa dessas, muito provavelmente não estaria escrevendo aqui. Então, agradeço, e agradeço todos os dias pela hemodiálise, e se for para acontecer, um dia eu recebo uma ligação para ir transplantar, mas honestamente, não estou com pressa, quero passar de fase em fase sem pular. Tudo tem seu tempo certo.
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A primeira punção…

Tudo que acontece a primeira vez acaba sendo inesquecível.

O primeiro dia de aula
O primeiro beijo
O primeiro dia de trabalho

Para nós, com IRC
A primeira internação
A primeira sessão de hemodiálise
O primeiro dia na clinica
A primeira cirurgia
e claro que não poderia faltar: A primeira punção.

É engraçado como toda primeira vez as sensação que temos são parecidas: preocupação e receio.

Seguindo orientação do Dr. L., comprei o Emla, para passar no braço nas primeiras vezes que fosse puncionar, pois segundo a avaliação, minha fistula não estava 100% ainda.
Ao entrar no carro em direção a clinica, apliquei a pomadinha, e no caminho pensei muito positivo para que desse tudo certo.
Assim que cheguei na clinica, fui direto para a maquina de sempre, mas que no caso, decidiu não funcionar, rsrs, então depois de meia hora tentando botar ela pra funcionar, desistiram e me mudaram para a maquina reserva. Pensei comigo: “Lascou! Já passou muito tempo que apliquei a pomada…”, mas continuei no pensamento positivo.
A primeira punção, quem geralmente faz é a enfermeira chefe, no meu caso foi.
Assim que recebi a primeira picada, que doeu bastante por sinal, a enfermeira retirou a agulha, pois na hora infiltrou, como eu sou muito branquela, o menor hematoma do mundo você percebe, mas no caso, não foi o menor hematoma do mundo. A enfermeira puncionou um pouco mais abaixo, perto de onde foi feito a cirurgia da fistula, e lá pareceu não dar problema, então, para não estressar muito, ela resolveu puxar o sangue pela fistula e devolver pelo cateter, e assim foi. A diálise correu bem, foi desconfortável a posição, mas não doeu e não passei mal. A parte ruim aconteceu no fim.

Ao tirar a agulha para colocar o curativo, eu como era leiga, não segurei direito e em seguida, a técnica quis medir minha pressão, então parei de segurar a fistula e dei meu braço para medir, no que fiz isso, a fistula começou a vazar, e não vazou pouco. Nisso a enfermeira chefe estava passando e viu, correu me ajudar, só que acredito que ela apertou um pouco forte, pois onde ela havia puncionado e não usou, pois infiltrou, começou a vazar também, e meu braço começou a inchar de uma forma absurda, onde havia sido puncionado pela primeira vez, ficou parecendo um vulcão, a parte da punção um pouco rebaixada e em volta enorme. Começou a correria para chamar o medico, para pegar gelo, para me medicar, para avisar minha mãe que esperava do lado de fora, foi uma loucura só, mas eu não estava preocupada com o braço 2x maior que o normal, não estava preocupada com a dor, minha única preocupação era que a fistula estivesse parado, pois não estava sentindo ela. Enquanto a enfermeira rezava (sim, ela chegou a rezar), para meu braço diminuir de tamanho, eu chorava, mas não era de dor, mas de desespero de que minha fistula tivesse parado de funcionar, então a enfermeira chefe checou e falou que estava funcionando, é que o braço tava tão inchado que não dava para perceber mesmo.
Depois de ficar 1h30 a mais na clinica, fui liberada para ir embora.
Em casa, quase não conseguia fazer nenhum movimento com meu braço, fiquei a base de dipirona por dois dias, até que começou a baixar o inchaço.

Eis o resultado do meu braço:

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Fistula n°02

Confesso que quando eu soube que a primeira fistula não tinha dado certo, minha frustração foi tamanha que pensei em jogar tudo pro alto, que era um caso perdido, que não iria conseguir uma outra e que viveria com o cateter.
Hoje fui tentar uma outra fistula. Na avaliação o Dr. Susume torceu o nariz, disse que seria difícil, que ele tentaria no braço direito, bem na dobra dele.
Da mesma forma que foi na primeira, cheguei ao hospital antes da hora, estava tranqüila, sem medo, apenas um pouco entediada de ficar no hospital, a cirurgia estava marcada para as 13:00, cheguei no Hospital dos Rins umas 10:00, pois fomos dar uma força para outra paciente que dialisa na clinica, que iria tentar sua 3ª fistula, a cirurgia dela iria acontecer as 12:00.
Como da outra vez, o Dr. Susume apareceu horas depois, rs, vou descrever a segunda cirurgia.
– Dr. Susume chegou era 16:30, fui chamada para o já conhecido 5° andar uns minutos após.
– No 5° andar o roteiro foi o mesmo, pegar o avental, ir para o vestiário, me trocar e aguardar minha vez na sala RPA.
– Havia novamente 3 pacientes operados, um deles com certeza era transplante, pois ele acordava de 10 em 10 min perguntando quando seria a cirurgia, e a enfermeira avisava “Sr. João, como já disse, a cirurgia já aconteceu, deu tudo certo o Rim esta funcionando”, rs, então o Sr. João voltava a dormir. Os outros dois pacientes estavam em sono profundo, não sabia dizer o que havia acontecido com eles.
– Enquanto esperava, chegou uma paciente em uma maca, que iria para cirurgia, pois o transplante dela rejeitou (deu trombose), e eles iriam voltar para a cirurgia dela para retirar o rim. Vendo aquela situação, não consegui mais pensar em nada, só comecei a rezar para a mulher ficar boa, os médicos dando a noticia para ela que o rim havia trombosado me doeu fundo no peito, a vantagem é que a mulher estava tão dopada, que quase não reagiu a noticia.
– A mulher foi encaminhada para a sala cirúrgica, e eu fiquei com ela no pensamento. Nisso outra mulher que estava esperando também por uma reparação na fistula começou a passar mal, com pressão alta. Quis tentar afastar maus pensamentos, mas não consegui, pensei comigo “essa é minha vida, posso estar bem hoje, mas o futuro é mais ou menos assim”, fiquei chateada, mas continuei rezando, agora pelas duas mulheres.
– O enfermeiro chegou com a cadeira de rodas, e fui eu, mais uma vez para a sala cirúrgica, dessa vez não consegui nem concentrar na cirurgia, minha cabeça estava na mulher que rejeitou o rim. Não prestei atenção em nada, apenas lembrei da cirurgia quando senti uma dor aguda no braço, como estava com a visão tampada, pensei que o medico estava colocando uma prótese, pois foi cogitada essa hipótese na avaliação. Coloquei na mão de Deus, e continuei a pensar na mulher, e como mais uma vez a vida sendo irônica, me mostrando os dois lados, de um o Sr. que transplantou e que perguntava de 10 em 10 minutos quando seria operado, chegando ate a ser engraçado, e em outro, uma mulher que havia rejeitado os rins, que não estava ciente do que estava acontecendo também, mas não havia graça nenhuma.
– A cirurgia acabou não sei nem dizer se havia musica dessa vez. Quando olhei para o famoso curativo, vi que não tinha prótese nenhuma, então lembrei o que a Cris falou, que em algumas cirurgias da fistula, dá uma dor aguda, pois acaba pegando alguns nervos.
– Dessa vez a sensação era diferente, pois estava sentindo uma pulsação forte no braço, coisa que não havia sentido da primeira vez. Saí da sala mais confiante, mas quando cheguei na RPA, a senhora que rejeitou o rim já estava lá, mas ela não conseguia respirar, então os enfermeiros ficaram em cima dela, tentando acordar ela, falando “Sra. Márcia, você precisa respirar”, e aquelas maquinas apitando freneticamente, começou um corre-corre na sala, e eu querendo fugir dali.
– Fiquei sentada esperando minha mãe chegar com minha roupa, mas como demorou um pouco, acompanhei a saga da mulher lutando pela vida dela. Ela voltava respirar, de repente parava. Então os enfermeiros fecharam a cortina em volta do leito dela (se isso adiantasse alguma coisa).
– Minha mãe chegou e eu mais que depressa fui embora.
Honestamente, acho que nesse ponto os hospitais deveriam ser mais “humanos” e não deixar pessoas que estão conscientes ficar em salas assim, quem quer trabalhar com isso tudo bem, mas nós pacientes, acabamos nos traumatizando com isso. Toda minha experiência dentro de UTI foi traumática e angustiante.
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Fistula n°01

A cirurgia estava marcada para as 15:00, então às 14:00 já estava no Hospital dos Rins, mas o Dr. Susume só apareceu depois das 19:00, provavelmente estava atendendo alguma emergência. Então a cirurgia foi feita somente as 20:30.

Eis o esquema da cirurgia:
– Cheguei ao hospital as 14:00, entreguei meus documentos e a guia da cirurgia.
– A atendente fez o cadastro, e eu fiquei esperando por mais de 5 horas.
– As 19:30 a atendente me chamou, me entregou um papel e pediu para que eu fosse para o 5° andar me preparar para a cirurgia.
– Chegando no 5° andar, uma outra atendente me deu um avental, touca e uma espécie de meia.
– Entrei no provador, seguindo a orientação, fiquei somente de calcinha, coloquei o avental, a touca e a meia.
– Entrei em uma sala, onde achei que era a UTI, mas na verdade é a sala RPA (Recuperação Pós Anestésica), fiquei sentada esperando minha vez.
– Na sala de RPA havia 3 pacientes, acredito que pelo menos um deles havia acabado de ser transplantado.- Enquanto esperava, fiquei observando toda rotina daquela sala, do meu lado tinha uma moça que estava esperando também para fazer uma cirurgia, no caso dela, recolocar um cateter para fazer a diálise peritonial, pelo que eu entendi o cateter dela inflamou.
– Depois de esperar quase 1 hora, fui chamada. – O enfermeiro trouxe uma cadeira de roda, e eu entrei na sala de cirurgia (gigantesca) sentei na mesa, e fiquei aguardando os preparativos.
– O Dr. Susume entrou, então deitei na mesa, um outro medico (ou enfermeiro, não sei), começou a me preparar, tampando minha visão com uma espécie de manta azul, passando álcool (ou iodo) no braço no local da cirurgia.
– Em seguida o Dr. Susume assumiu, falou a famosa “picadinha”, rs, e começou.
– Eu senti a sensação de algo passando no meu pulso, como se fosse uma caneta fazendo pressão, mas sem sentir dor nenhuma, mas lógico já tinha presumido que era o bisturi e não uma caneta, rs.
– Depois dessa sensação procurei me desligar da cirurgia, no radio estava tocando 2 become 1 das Spice Girls, musica nada apropriada, já que o Dr. estava unindo veia e arteira em 1 (2 em 1). Deu até vontade de rir, pois a vida me coloca cada situação, rs.
– No final da cirurgia, escutei o Dr. comentar com alguém que minhas veias eram finas, nisso fiquei preocupada.
– A cirurgia durou uns 40 min, e posso afirmar que não senti nenhuma dor, o Dr. pediu para eu fazer muito exercício, pois minha veia era fininha, e me deu uma bolinha para começar.
Pensei que o curativo ia ser enorme, quando tiraram a manta da minha cara, olhei para o curativo e pensei “só isso”.
– O enfermeiro me buscou com a cadeira de rodas novamente, e eu voltei para a sala RPA, ligaram para minha mãe vir me buscar, e em 5 min, ela já estava lá.
– Me troquei e fui para casa.

A dor começou a aparecer já era madrugada, tomei dipirona e ela diminuiu muito, tanto que consegui dormir.

O curativo e a bolinha
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Avaliação da fistula…

Hoje fui a três consultas: Dermatologista, pedir alguma coisa para passar no rosto para melhorar a aparência da pele, no Neurologista, ver o que deu aquela ressonância que fiz antes de ser internada, e a mais importante, ir fazer minha avaliação da fistula com o cirurgião vascular, o Dr. Susume, que dizem ser o maior especialista em fistulas do país.
As duas primeiras consultas foram normais e não me resolveram muita coisa.
A consulta com o Dr. Susume que foi interessante, ele avaliou os dois braços, e claro que veio a noticia que eu já esperava, de que minhas veias são muito finas, mas que ele tentaria no braço esquerdo próximo ao pulso. Eu fiquei feliz, pois no braço direito é ruim, vai limitar muito meus movimentos na hemodiálise. Mas o interessante foi ver quantas pessoas tem problemas renais, lá no hospital do Rim, onde fiz a avaliação, varias pessoas estavam esperando ele para fazer o mesmo, sai de lá impressionada. Também fiquei de ouvido na conversa dos outros, sobre transplantes, e ouvi gente que havia transplantado e perdido, vi pessoas que fazia poucos dias que foram transplantadas, mas também vi pessoas com 8, 10 anos de hemodiálise e que nunca foram chamadas para transplantar.
Eu percebi muitas posturas, pessoas otimistas, pessoas omissas, pessoas extremamente revoltadas, familiares que vão apoiar, familiares que acompanham, mas ficam reclamando o tempo todo, pacientes que se olhar bem nos olhos parecem mortos por dentro, pacientes que tudo esta dando errado, mas que estão sorrindo e contando piada, é incrível como existem milhares de posturas que podem ser adotadas nesse tratamento.
Graças a Deus, estou adotando a postura de me conformar com o que aconteceu de querer me tratar, e ainda tenho o apoio da minha família pra continuar assim.