
1- 1.39 (14/03)
2- 1.44 (21/03)
Há quase um ano, comecei a sentir um pequeno incomodo no ombro direito, percebi que estava ocorrendo uma vascularização na região. O tempo foi passando e esse pequeno incomodo foi aumentando cada vez mais, até o momento em que apenas um fio de cabelo encostasse na região, desencadeava uma sensação bem desagradável. A clínica onde faço hemodiálise me encaminhou para o vascular deles, que fica próximo a outra clinica onde dialisava antigamente, e apesar de ter conversado com vários renais sobre esse vascular, e a opinião que recebi sempre foi negativa, aceitei ir nele mesmo assim, com a mente aberta.
Chegando lá, como praxe, encarei a sala de espera, e nela acabei cruzando com outra paciente que dialisa na mesma clinica que eu, e estava na sua segunda consulta com o vascular. Conversa vai, conversa vem, mais uma opinião negativa a respeito do Dr., tentei não pegar birra, mas absorvi todos os comentários para na hora da consulta avaliar melhor.
Chegou a hora da minha consulta, quando entrei no consultório uma enfermeira sentou do meu lado, havia ido até a consulta bem preparada, tinha feito 3 Holters, um do braço direito, outro do braço esquerdo e uma na região do ombro/pescoço. Logo que sentei já comecei a mostrar ao médico que a região incomoda estava vascularizada e tinha inclusive uma área saltada, como se fosse uma bolinha de gude por baixo da pele, e que era possível sentir inclusive frêmito da fístula por essa bolinha que esta na região da clavícula. O médico foi até simpático, mas me atendeu do outro lado da mesa e lá ficou até o final da consulta, tentei mostrar os Holters, ele simplesmente ignorou, olhou de longe a tal vascularização e a “bolinha de gude”, e disse que isso era porque a fístula havia desenvolvido muito, que era normal e eu teria que aguentar, ele não encostou um dedo em mim, deu seu parecer do outro lado da mesa e ainda ouvi a seguinte frase: “você tem apenas um acesso, e se perder, não é o fim do mundo, mas a contagem regressiva para ele vai começar”. Imaginem como fiquei desequilibrada, frustrada, e mais um monte de sentimento negativo, o pior de tudo, é que dentro de mim sabia que não era somente a fístula que havia se desenvolvido, tinha alguma coisa errada ali e eu tinha que identificar. Saí do consultório pior que entrei, ainda com o incomodo, sem nenhuma solução para o ele, e agora muito mais desanimada. Na clinica expus o que aconteceu, ligaram para o médico pedindo satisfação a respeito da minha consulta, e o mesmo disse para eles o que me disse, ou seja, que não tinha jeito que a fístula tinha desenvolvido demais. Eu pedi na clinica para passar com o vascular que fez minha fístula, mas não quiseram, inclusive cheguei a mostrar minha “Bolinha de Gude” para um dos donos da clinica, que optou pelo mesmo discurso do vascular e não autorizou a consulta, fiquei frustrada com a postura da clinica, onde ficou claro que nesse caso estava visando o $ e não o bem estar do paciente, mas até hoje, foi o único ponto em que essa clinica pecou comigo, pois ela é excelente (merece um post que irei escrever em breve também).
Minha opção foi tentar uma segunda opinião com um vascular do convenio, depois de seis meses entre consultas e exames, o vascular do convenio chegou a conclusão que não sabia o que estava acontecendo e me encaminhou para outro vascular que trabalhava no hospital que havia ficado internada (também merece um post), como odiei o atendimento hospitalar que recebi, eu resolvi correr desse vascular, minha terceira e ultima opção era tentar pagar uma consulta particular com o vascular que confio, mas acabei não precisando, o Dr. L conseguiu marcar a consulta pela clinica.
Entre o começo dessa complicação até o momento que eu consegui finalmente me consultar com o vascular certo, passaram mais de 12 meses, ou seja, um ano para tentar identificar o que estava acontecendo.
No próximo post escrevo com detalhes a continuação dessa saga.
Saúde e força,
Um forte abraço.
Todo ser humano, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, idade, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou condição sócio-econômica, nascimento ou qualquer outra condição, tem direito a um padrão de vida que lhe assegure saúde e cuidados médicos. Entende-se por saúde, não a ausência de doença, mas o resultante das adequadas condições de alimentação, habitação, saneamento, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. Este conceito amplo significa a garantia pelo Estado dos direitos sociais fundamentais de cidadania. Assim entendida, a saúde de uma comunidade não pode ser o resultado da atuação isolada de uma única profissão, mas sim das atividades multiprofissionais. A Medicina, enquanto profissão tem por fim a promoção, preservação e recuperação da saúde, e seu exercício é uma atividade eminentemente humanitária e social. É missão do médico zelar pela saúde das pessoas e da coletividade, aliviar e atenuar o sofrimento de seus pacientes, mantendo o máximo de respeito pela vida humana, não usando seus conhecimentos contrariamente aos princípios humanitários.
Para eu descobrir que meus rins pararam de funcionar, eu passei por mais de 15 médicos, onde todos eles me tratavam com antibióticos (veneno para os rins), pediam RX e me liberavam em seguida. A maioria sempre me atendia com pressa, como se o que eu estava sentindo não fosse importante ou não fosse verdade. Lembro que em uma das ultimas tentativas em obter um diagnóstico, eu cheguei a chorar dentro do consultório implorando para que o médico investigasse melhor meu caso, e ele até tentou, pediu uma ressonância magnética da coluna, onde só me chamaram para fazer quando estava já há 1 ano na hemodiálise (ou seja, quase 2 anos esperando ser chamada para o exame).
Após o diagnostico, eu passei por mais médicos ainda, incontáveis, o atendimento em sua maioria foi o mesmo, os médicos parecem ter um cronometro onde te deixa falar por 2 minutos, então te interrompe, fala algo que você já sabe, você tenta argumentar que não é bem pra isso que você esta lá, aí você passa a ser desprezada e teorias do que você tem e/ou precisa são criadas em segundos, recebe uma receitinha médica e um “tchau”.
Pensando que o problema era eu, entrei no consultório com mãe, com irmão e o esquema continuou o mesmo, parece existir um fluxograma no atendimento ao paciente, eu vejo um médico robô e o medico deve me ver como mais um numero.
Quinta passada tive que voltar a consulta com a Nefrologista do Hospital Brigadeiro, eu havia adorado o atendimento dela, tanto que ela também me atendeu no Hospital das Clinicas. Eu estava criando uma expectativa tremenda em cima dessa consulta, porque algumas coisas seriam definidas e eu tinha certeza que ela me ajudaria também em questões não relacionadas aos rins, me encaminhando ao lugar certo.
Havia chegado muito cedo no hospital, então fiquei ouvindo conversas, escrevendo algumas idéias e conversando com minha mãe, até que descobri que iria passar com outro médico, que a Dra. que me atendeu antes não iria estar lá. Fiquei desapontada, esse negocio de cada vez passar em um medico diferente e ter que contar tudo novamente, mesmo quando tem tudo descrito em seu prontuário é cansativo. Bom, apesar do desapontamento, ainda estava ansiosa, e até o momento, todos os médicos que havia passado no Hospital Brigadeiro foram extremamente gentis e preocupados em fazer o melhor.
Quando o medico chegou, havia apenas eu e mais uma paciente para passar com ele, fiquei tranquila, porque devido a isso, achei que o medico não iria correr na consulta.
Ao entrar no consultório, como previsto, eu tive que explicar tudo desde o começo, e quando informei que estava dialisando apenas 2x por semana e por 03h30min. a consulta acabou ali e virou um bate-boca com insinuações e desrespeito.
Alguns dados estão borrados por serem pessoais, só estou deixando aqui de exemplo, aí quem tem o mesmo problema que eu, e sai de uma consulta sempre esquecendo algum detalhe, é só fazer uma dessas, eu não sei o que a medica vai pensar ao ver tudo listado, mas vai ser assim, pelo menos consigo discutir tudo que preciso.
Ficar na sala de espera de um hospital que esta especializado a atender pacientes pré/pós-transplante é muito interessante, você sempre conhece alguém com situação semelhante a sua, acaba escutando sua própria historia na boca de outra pessoa. Ainda assim, apesar de existir tantas coisas em comum, sempre existem detalhes diferentes e você vai embora com alguma coisa nova, sempre existe algo para você aprender sobre sua própria doença, ninguém fica 100% ciente das coisas.