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Estenose Venosa… (Parte I)

Há quase um ano, comecei a sentir um pequeno incomodo no ombro direito, percebi que estava ocorrendo uma vascularização na região. O tempo foi passando e esse pequeno incomodo foi aumentando cada vez mais, até o momento em que apenas um fio de cabelo encostasse na região, desencadeava uma sensação bem desagradável. A clínica onde faço hemodiálise me encaminhou para o vascular deles, que fica próximo a outra clinica onde dialisava antigamente, e apesar de ter conversado com vários renais sobre esse vascular, e a opinião que recebi sempre foi negativa, aceitei ir nele mesmo assim, com a mente aberta.
Chegando lá, como praxe, encarei a sala de espera, e nela acabei cruzando com outra paciente que dialisa na mesma clinica que eu, e estava na sua segunda consulta com o vascular. Conversa vai, conversa vem, mais uma opinião negativa a respeito do Dr., tentei não pegar birra, mas absorvi todos os comentários para na hora da consulta avaliar melhor.
Chegou a hora da minha consulta, quando entrei no consultório uma enfermeira sentou do meu lado, havia ido até a consulta bem preparada, tinha feito 3 Holters, um do braço direito, outro do braço esquerdo e uma na região do ombro/pescoço. Logo que sentei já comecei a mostrar ao médico que a região incomoda estava vascularizada e tinha inclusive uma área saltada, como se fosse uma bolinha de gude por baixo da pele, e que era possível sentir inclusive frêmito da fístula por essa bolinha que esta na região da clavícula. O médico foi até simpático, mas me atendeu do outro lado da mesa e lá ficou até o final da consulta, tentei mostrar os Holters, ele simplesmente ignorou, olhou de longe a tal vascularização e a “bolinha de gude”, e disse que isso era porque a fístula havia desenvolvido muito, que era normal e eu teria que aguentar, ele não encostou um dedo em mim, deu seu parecer do outro lado da mesa e ainda ouvi a seguinte frase: “você tem apenas um acesso, e se perder, não é o fim do mundo, mas a contagem regressiva para ele vai começar”. Imaginem como fiquei desequilibrada, frustrada, e mais um monte de sentimento negativo, o pior de tudo, é que dentro de mim sabia que não era somente a fístula que havia se desenvolvido, tinha alguma coisa errada ali e eu tinha que identificar. Saí do consultório pior que entrei, ainda com o incomodo, sem nenhuma solução para o ele, e agora muito mais desanimada. Na clinica expus o que aconteceu, ligaram para o médico pedindo satisfação a respeito da minha consulta, e o mesmo disse para eles o que me disse, ou seja, que não tinha jeito que a fístula tinha desenvolvido demais. Eu pedi na clinica para passar com o vascular que fez minha fístula, mas não quiseram, inclusive cheguei a mostrar minha “Bolinha de Gude” para um dos donos da clinica, que optou pelo mesmo discurso do vascular e não autorizou a consulta, fiquei frustrada com a postura da clinica, onde ficou claro que nesse caso estava visando o $ e não o bem estar do paciente, mas até hoje, foi o único ponto em que essa clinica pecou comigo, pois ela é excelente (merece um post que irei escrever em breve também).
Minha opção foi tentar uma segunda opinião com um vascular do convenio, depois de seis meses entre consultas e exames, o vascular do convenio chegou a conclusão que não sabia o que estava acontecendo e me encaminhou para outro vascular que trabalhava no hospital que havia ficado internada (também merece um post), como odiei o atendimento hospitalar que recebi, eu resolvi correr desse vascular, minha terceira e ultima opção era tentar pagar uma consulta particular com o vascular que confio, mas acabei não precisando, o Dr. L conseguiu marcar a consulta pela clinica.
Entre o começo dessa complicação até o momento que eu consegui finalmente me consultar com o vascular certo, passaram mais de 12 meses, ou seja, um ano para tentar identificar o que estava acontecendo.

No próximo post escrevo com detalhes a continuação dessa saga.

Saúde e força,

Um forte abraço.

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Catéter

Quando você descobre que seus rins não funcionam mais e que você precisa fazer hemodiálise urgente, não dá tempo para fazer uma cirurgia da FAV (Fistula Arterio-Venosa), então é necessário colocar um cateter temporário.
No meu caso, que nem imaginava estar com problemas nos rins, e quando descobri eu já não tinha praticamente função renal, tive que passar pelo cateter. Muitos têm sorte de não precisar do cateter, pois descobrem quando ainda tem certa função renal, nesse caso dá tempo de fazer a FAV para só depois de a FAV estar madura, começar com a hemodiálise.
Colocar o cateter não doeu, pois eles anestesiam o local antes de qualquer coisa. Eu levei no maximo 20 minutos para colocar o cateter, e isso por que o medico tentou 2x sem sucesso na jugular, então resolveu tentar na subclávia, e só lá que conseguiu, eu explico abaixo a diferença dos 2 lugares.

O cateter como mostrado no desenho acima, é um “canudinho” colocado na veia (jugular ou subclávia) que permite através dos dois adaptadores, conectarem a linha da maquina da hemodiálise, fazendo que por um adaptador o sangue seja puxado para filtragem, e no outro adaptador o sangue filtrado seja devolvido.
Cateter na Veia Jugular
É onde os médicos preferem colocar o cateter, a incisão é feita no pescoço, e o cateter colocado. Na clinica a gente sempre que alguém aparece com cateter na jugular recebe piadinhas, como esta de anteninha, virou joaninha, e uns mais maldosos chamam de chifrinhos, rsrs, mas é só levar na brincadeira, pois a maioria já passou por isso. Nesse caso o cateter fica bem exposto, não tem como esconder que você não tem um cateter, a não ser que você tem cabelos compridos, então dá pra disfarçar, só tome cuidado pro cabelo não enroscar no cateter.
 Cateter na Veia Subclávia
Quando o medico não consegue colocar o cateter na veia jugular, a alternativa é ir para a veia subclávia, que fica abaixo dos ombros. Nesse caso o cateter fica menos exposto, basta colocar uma blusa mais fechada e ninguém vai desconfiar que você tenha um cateter, mas o acesso a essa veia é mais complicado que o da jugular.
Depois de colocado o cateter, você vai tirar um RX do tórax para ver se o cateter esta no lugar certinho. Em alguns casos, você tira RX uma vez por dia, para ver se o seu coração esta normal. No meu caso que estava na UTI, eu tirei RX todos os dias na primeira semana, em um dos dias, meu coração pareceu um pouco maior, bem pouca coisa, então fiquei em observação, mas não aconteceu nada grave.
Dicas importantes:
Cateter Invertido
Às vezes o cateter começa a falhar na hemodiálise, então os técnicos costumam trocar a linha, coloca a arterial na venosa e a venosa na arterial, isso se chama cateter invertido, se isso começar acontecer, sempre avise o técnico antes de te ligar que o cateter é invertido, assim a sessão corre tranqüila, sem necessidade de ficar mudando a linha toda hora.
Cateter Colabando
Não é raro você estar de cateter e ouvir a palavra colabar. Quando o cateter começa a colabar, quer dizer que a ponta dele grudou na parede da veia e o fluxo de sangue é interrompido. Nesse caso, quando você olha para a linha irá ver seu sangue com bolinhas de ar, isso é colabar. Para que isso pare, geralmente é só respirar bem fundo e soltar o ar, o fluxo na maioria das vezes volta ao normal, mas quando não volta, o ideal é mudar de posição, se você se encontra sentado, então é melhor deitar e vice-versa, assim a ponta “descola” da parede a veia, e se nem assim voltar ao normal, o técnico com uma seringa e soro, vai puxar e devolver o sangue pelos adaptadores ate o fluxo voltar ao normal, pois nesse caso o sangue pode ter coagulado. Quando o cateter colaba, você começa a sentir certo incomodo no cateter, por isso é fácil perceber que colabou, além da maquina de hemodiálise sempre apitar quando isso ocorre. Se você ficar muito tempo com o cateter colabando, vai começar a doer, pois ao mesmo tempo em que o cateter não consegue mais puxar seu sangue para filtragem, ele também não consegue devolver o sangue que já filtrou, então ao colabar ele vai tentar forçar a devolução, e isso pode machucar. Se colabar chame o técnico o mais rápido possível para que ele possa resolver, mas não se assuste.
Coceira
O cateter coça, e a maior culpa disso é do curativo e não do cateter, muitas pessoas tem alergia ao micropole, então a pele em volta as vezes fica com uns carocinhos, é normal, não precisa se assustar, se estiver bastante incomodo, avise o técnico que com certeza irá passar uma pomada própria no local, e converse com o médico que poderá indicar um antialérgico.
Pela minha experiência, recomendo:
– Não molhe nunca o cateter, nem ao tomar banho, deixe que os técnicos da clinica limpem e faça o curativo na região, é mais seguro.
– No curativo, peça sempre para o técnico prender bem o cateter com micropole, para não correr o risco de o cateter prender em alguma roupa e você puxar ele sem querer.
– Não passe creme, pomadas, enfim, nenhum produto em volta, como disse antes, deixe a limpeza do local por conta dos técnicos da clinica (ou do hospital caso esteja internado).
– Para lavar a cabeça peça ajuda, e sempre tome banho em duas etapas, em uma etapa você lava todo o corpo, e na outra lava a cabeça e rosto.
– Se achar que os técnicos não prenderam bem o cateter, reforce com micropole, não tenha dó, deixe o mais fixo possível.
– Não durma jamais do lado do cateter, pois você pode dormindo acabar tirando o cateter.
– Não dobre ou amasse o cateter, você pode entupir ou até quebrar ele e assim terá que colocar outro.
– Caso vá fazer algum exame fora da clinica/hospital que dialisa, não permita que usem o cateter, ele deve ser usado somente para hemodiálise.
O maior problema do cateter é a limitação do banho, eu fiquei praticamente seis meses sem tomar um banho decente, tudo para não molhar o cateter, me sentia mal por isso, mas o sacrifício valeu a pena, eu nunca tive infecção, e o cateter nunca deu problema, ele funcionou perfeitamente até o ultimo dia.
Você vai ouvir que o cateter só dura três meses, que depois disso tem que ser trocado, e mais um monte de historia. Cada caso é um caso, se você conserva seu cateter direito, se ele nunca inflamou, se você não molha e ele funciona bem, você pode ficar muito mais de três meses com o mesmo cateter, no meu caso fiquei seis meses, pois foi o tempo de tentar duas fistulas, esperar mais de um mês para ela ficar pronta para ser puncionada, só depois que a fistula estava pronta, o cateter resolveu sair do corpo quase que sozinho.
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Adeus cateter…

Mais uma vez, as coisas acontecendo na hora que tem que acontecer.
Ontem foi aniversário da minha Tia, e eu como de costume, fui até a casa dela fazer uma surpresinha, passei o dia bem, a tarde ótima, então voltei para casa, e quando já quase indo dormir, eu sinto uma dor bem forte onde fica o cateter. Uma dor, tão forte, que eu pensei que estava tendo um ataque cardíaco.
Graças a Deus, essa dor não foi demorada, então ao invés de correr pro hospital, eu simplesmente fui dormir, pois em poucas horas iria para a clinica.
No que acordei para me arrumar para hemodiálise, percebi que o cateter tinha aumentando de tamanho, eu explico, ele ficava preso no meu ombro, mas quando olhei, ele estava quase chegando à metade do braço.
Eu assustei a principio, mas como já estava indo para a clinica, eles que iriam decidir o que fazer, mas estava na certeza de que esse cateter iria dizer adeus, o que não sabia, era se eu teria que colocar outro, já que só tinha tentando puncionar a fistula duas vezes, uma que não deu certo e aconteceu aquela infiltração horrível, e outra que funcionou meia boca, pois faltando 30min para terminar, a fistula tinha dado problema (conseguia tirar o sangue, mas não conseguia devolver).
Fui para clinica com um medo duplo, medo de tirar o cateter e doer, e medo de alem de ter que tirar o cateter, eu ter que colocar outro.
Cheguei a clinica, sentei na cadeira, e mostrei o que tinha acontecido para o enfermeiro, que só falou “no final da diálise a gente saca esse cateter”, e já foi buscar as agulhas para tentar pela fistula.
Eu traumatizada com as duas tentativas de punção anteriores, fui prevenida, passei Emla no braço inteiro, rsrsrs, então nem senti a picada praticamente. Fiz a diálise toda numa boa, a fistula quis dar uma mancadinha, pois o braço começou a doer, mas não tinha infiltrado, então com paciência agüentei ate o final e deu tudo certo.
Quando terminei, pensei que eu iria para o consultório para “sacar” o tal cateter, mas o enfermeiro veio, pediu para eu respirar fundo e segurar o ar, no que eu terminei de segurar o ar, ele já estava com o cateter na mão, rsrs, eu não senti nada, mas não sei dizer se foi por que ele já havia saído um pouco, ou se a retirada de cateter realmente não dói. Engraçado, que eu pensei que iriam anestesiar, que o medico iria assistir, mas nada, foi a coisa mais simples do mundo. Ele fez um curativo básico, e só orientou que quando eu tomasse banho não deixasse molhar o local, somente no dia seguinte poderia lavar o local normalmente.
Sobrevivi a mais uma “1ª vez”, rsrs, só espero que no caso do cateter, seja a 1ª e ultima.
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E a confusão continua…

Acordei cedo, ou melhor, me acordaram cedo para colher os primeiros exames pós internação.
A enfermeira “tentando” me acalmar, falou que conhecia vários transplantados, que estavam bem… Lembro que pensei “EPA… trans o quê?!?!”, e foi a primeira vez que ouvi a palavra transplante.
A mesma enfermeira comentou que o hospital que eu estava não era muito bom, que os profissionais lá eram medianos (inclusive ela né, por ter uma postura dessas diante de um paciente assustado, rsrs).
Após a coleta do exame, tomei meu café da manhã, e a partir daí começou a confusão com a quantidade de liquido que eu poderia tomar. A primeira medica apareceu e informou que eu só poderia ingerir 600ml por dia de liquido, tentou explicar que ela achava que eu tinha insuficiência renal crônica, e explicou a diferença entre renal crônica e renal aguda, e que as chances de ser aguda era mínimas no meu caso. Solicitou mais exames e tambem solicitou a colocação do cateter.
Passei a manhã chorando e confusa, pois as informações que recebia eram “picadas” e confusas, cada profissional que entrava no quarto falava uma coisa diferente.
Na parte da tarde meu irmão, minha cunhada e meu pai apareceram, e ficaram comigo enquanto eu aguardava ser chamada para colocar o cateter.
Meu estado de confusão mental era tão grande que não consegui ficar nervosa com o fato de colocarem um cateter em mim, na verdade eu não fazia idéia de como era um cateter e de como era todo o processo de colocar um cateter.
Meu pai é do tipo que participa da dor da gente, se eu sinto uma dor de cabeça e comento com ele, daqui alguns minutos, ele vai comentar que tambem esta com dor de cabeça, então logo que avisou que eu iria descer para colocarem o cateter, ele resolveu ir embora para casa. Assim que ele foi embora, eu fui chamada.
Desci com uma enfermeira chamada Márcia (não esqueço do nome dela, pois ela foi muito GENTE BOA comigo), e só quando eu entrei na sala de procedimentos, que dei conta de que iriam enfiar alguma coisa no meu corpo.
A enfermeira Márcia percebeu minha tensão e pegou na minha mão. Enquanto estava fazendo ma limpeza na região do meu pescoço, entrou um outro paciente, resmungando que o cateter dele estava caído, que foi mal colocado, que sentia dores. Nessa hora lembrei dos profissionais medianos que a primeira enfermeira havia comentado pela manhã, e torci para que o medico que iria me atender não fosse mediano.
O mesmo medico que iria colocar meu cateter, resolveu atender primeiro o senhor que estava com o cateter pendurado no corpo, acredito que ele tenha dado um ou dois pontos no cateter do senhor e logo o liberou, pois foi muito rápido o procedimento. Então ele veio em minha direção, tampou meu rosto com um lençol azul, e falou a primeira “picadinha” de muitas que eu já ouvi. Tomei uma injeção no pescoço, mas não senti nem a picada, então, tive a sensação de algo entrando pelo pescoço, nisso acabei sentindo a tensão do medico ao tentar passar o cateter pelo pescoço. Tentou uma vez, não conseguiu, tentou outra vez e não conseguiu de novo, a enfermeira Márcia segurou firme minha mão, parecia que ela estava mais tensa que eu na hora, pois ela apertava mais minha mão do que eu a dela, rsrs.
Depois de tentar passar pelo pescoço sem sucesso, ele resolveu tentar mais abaixo no peito, dessa vez ele conseguiu, e quando terminou de dar os pontos e fazer a limpeza, pude olhar para ele e agradecer, mas logo depois que agradeci, senti no olhar dele que tinha alguma coisa de errado.
Como estava sob efeito da anestesia, não havia sentido que estava com um “limão” no pescoço, por causa das tentativas em vão de colocar o cateter lá, mais tarde eu iria perceber que o médico era um tosco, que não tinha muita perícia na coisa e que por sorte na terceira tentativa conseguiu passar o cateter.
Depois desse episodio, fui para a sala de RX, para tirar um RX do tórax para o medico analisar se esta tudo OK com o cateter. A primeira tentativa não deu certo, tive que tirar um segundo RX. Após isso, voltei para o quarto. Posso dizer que apesar do médico não ter feito as coisas muito bem, eu não senti dor nenhuma na hora de colocar o cateter.
Passou algumas horas após eu ter colocado o cateter, estava sonolenta pois o medico logo após o serviço porco que fez, me receitou dipirona (ele sabia que aquele limão que ele deixou no meu pescoço iria doer, rsrs). Algumas horas depois eu fui levada para a UTI do hospital para fazer a minha primeira sessão de diálise, junto com uma transfusão de três bolsas de sangue e uma bolsa de plasma.