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Sétimo mês.

Comecei a sentir umas dores na parte superior direita do abdômen, um palmo acima de onde foi a cirurgia do transplante. Eu achava que era algo no rim, mas os exames revelaram que era a filha da mãe da pedra na vesícula (sei da existência dela desde 2013, se não em engano… é… UMA VERGONHA DIZER ISSO). A pedra já está nos seus 2 cm e resolveu dar o ar da graça e começar a aprontar. E para piorar a situação, os níveis das enzimas do figado começaram a ficar altos. Resultado? Fui encaminhada para o setor de Cirurgia Geral para ver se arrancar a vesícula de uma vez.
E vou dar um conselho bem útil, quem pretende transplantar, resolvam todas as coisas que precisam de cirurgia ANTES do transplante, porque arrancar uma unha encravada depois do transplante já é tenso, imaginem uma cirurgia. Não façam igual a pessoa aqui, que ficou adiando e agora vai pagar o preço né?Afinal, provavelmente só vão me operar se eu for parar no PS com muita, muita, muita dor. Operar em emergência não é o mundo ideal para nós… fica a lição. E um puxão de orelha em mim mesma. CABEÇÃÃÃÃO!
Tirando esse detalhinho (afinal, são só 2 cm :D), o rim esta bem.

Medição do sétimo mês da Creatinina:
1- 1,15 (05/09)

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Sexto mês.

Não fiz exame de sangue, porém, tive outras consultas com outros especialista, para aproveitar as férias da faculdade que praticamente se estenderam até meio de agosto. Acabei passando com a equipe de Osteodistrofia, dermatologia e também na ginecologia.
O bom de se tratar no HC, é que todo tratamento fica centrado lá, então uma especialidade acaba tendo todo o seu prontuário, ou seja, eles tem acesso a todo meu histórico como paciente, não somente da área dele, mas de todas as que eu já passei e de vários anos atrás (no meu caso eles tem dados desde 2009 e sim, eles usam esses dados para fazer uma evolução do meu caso).
Neste mês eu passei também no Uro/Cirurgião, me avaliaram e acabaram me dando um baita intervalo para a próxima consulta, quase 6 meses para o próximo retorno. Como a quantidade de linfocele acumulada no abdome estava bem pequena (15 ml), foi me dito que o próprio corpo iria absorver, não tinha necessidade de continuar acompanhando com tanta frequência. Eu adorei, rs.

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Quinto mês.

Depois que chegou no 5º mês, acho que parei um pouco com as neuras, como a de querer colocar mascara em qualquer buraco que me enfiava, de ter medo de sair de casa (sim, eu fiquei), e passei a curtir finalmente o transplante, curtir no sentido de voltar a viver em liberdade, coisa que a hemodialise impedia um pouco e o inicio do transplante também impediu, já que tinha os pontos, depois o “vazamento barrigal” (tenho certeza de quem ler rápido vai ler outra coisa, hahahahahahaha), etc.
A consulta começou a espaçar e passou a ser a cada 40 dias. Uma MARAVILHA!!!

Fiz um ultrassom do rim transplantado que mostrou a mesma coleção que a tomografia havia identificado, eles pediram os dois exames juntos, mas não deu para fazer eles no mesmo dia, então o ultrassom ficou para esse mês. Tirando isso, nada aconteceu. Nenhum intercorrência.

Medição do quarto mês da Creatinina:
1- 1,06 (18/07)

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Quarto mês.

Cheguei no quarto mês e foi um alívio não precisar mais ficar trocando curativos.
Fiz a tomografia que acusou um acumulo bem menor de linfa ainda na cavidade abdominal, porém, os médicos disseram que com o tempo, por ser uma coleção tão pequena o próprio corpo tenderia a absorver.
Outro exame que fiz, foi a Determinação da Filtração Glomerular, que indica precisamente quantos porcentos está funcionando o rim. Esse exame é bem cansativo. Eu cheguei 6h da manhã, a medicina nuclear (local onde realiza o exame, dentro do próprio HC), abriu as 7h e só começou a realização deste exame as 8h. Primeiramente fui chamada pela enfermeira que fez umas perguntas, como quando foi o transplante, se foi doador vivo ou cadáver, se estava de jejum, etc. Após isso, depois de uns minutos passei com uma médica que praticamente fez as mesmas perguntas. Em seguida fui encaminhada para uma sala onde me pesaram.
Após isso, foi explicado que iriam injetar um produto radioativo em uma veia do meu pé. Existe todo um cuidado na manipulação da seringa que tem esse produto, tanto que a seringa fica reservada em um compartimento metálico bem grosso (não sei se é ferro, alumínio, etc), com meu nome e identificações nela. Após a aplicação desse produto, a enfermeira pega uma espécie de dosímetro (aparelho que mede radiação, algo assim, quem entender me corrija). E assim, confirma se o medicamento foi injetado de forma correta. Após isso, é preciso esperar 4 horas para colher a primeira amostra de sangue e depois esperar mais 2 horas para a última coleta de sangue. Eles recomendam beber muita água e não comer nada gorduroso enquanto esta fazendo o exame. O cansativo é que são praticamente 6 horas sem ter o que fazer lá. Porém, sempre acaba formando uma panela de transplantados na sala de espera e cada um acaba contando sua historia, rsrs.
Bom, após todos os procedimentos e 20 dias de espera, o resultado foi que o rim estava funcionando 59%. A médica disse que era um bom valor vindo de um doador falecido, então, não encanei, mas que desejei ver uns 80% ali… Ô…

Foi mais um mês que não aconteceu muita coisa. Nenhuma intercorrência, então foquei na faculdade que estava na época das provas do 7º semestre, e deu tudo certo, nenhuma DP, fui invicta para o 8º semestre da faculdade e mal sabia que seria o mais tenso, rsrs.

Medição do quarto mês da Creatinina:
1- 1,06 (09/06)
2- 0,85 (23/06)
3- 0,94 (27/06)

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Terceiro mês.

Olá pessoal, como estão?
Eu as vezes esqueço de observar o restante desse blog, hoje quando olhei a quantidade de curtidas no facebook eu fiquei chocada. Foram mais de 1900 pessoas curtindo um assunto tão pouco difundido no país, que ao perceber isso, me criou um senso de responsabilidade maior do que já tinha ao escrever aqui, além disso, são de mais de 250.000 visitas (não são únicas, porém, para um blog que fala sobre DRC, achei espetacular). Observando tudo isso, pretendo revisar cada uma das postagens, principalmente as iniciais, já que era tão iniciante que com certeza deixei alguma ponta solta.

Bom, o terceiro mês não trouxe nenhuma novidade, os exames estavam bons, apenas minha glicose que começou a se manifestar ¬¬. Para quem não sabe, alguns dos remédios que temos que tomar para segurar o transplante, pode aumentar os índices de alguns exames e a glicose é um deles.

O vazamento da linfa foi diminuindo até finalmente fechar o buraquinho onde ela saia. Na consulta com o cirurgião (tive que passar toda semana para eles acompanharem), eles ficaram satisfeito com a resolução final, mas pediram exames de imagem para confirmar se não havia a coleção de líquidos no abdome, mas só realizei os exames no mês seguinte.

Não houve nenhuma intercorrência neste período.

Medição do terceiro mês da Creatinina:
1- 1.07 (09/05)
2- 0,97 (23/05)

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Segundo mês – Final.

Já perceberam que sou péssima em prometer uma rotina aqui, né? rsrsrs.
No final do ano passado foi o meu último ano da faculdade e estava que nem louca fazendo o TCC, sério, que ano maravilhoso foi 2016! Transplante, conclusão da faculdade, entre outras coisas. Devido ao TCC, até o dia 12/12 eu estava literalmente vivendo para concluir essa última etapa da minha graduação. Quem já fez, sabe o quanto estressa. Eu quase enlouqueci tentando conciliar as consultas/exames com o TCC, de verdade faltou pouco para surtar. Mas, concluí o trabalho e, consegui nota máxima! 🙂
Conto isso não para aparecer, mas sim para mostrar que DRC (Doença Renal Crônica) é um limitador, porém, é possível realizar muitas coisas, basta querer e não ficar sentado na “cadeira de coitado”.

Bom, vou continuar de onde parei.

O segundo mês foi frenético em consultas e exames. Após identificada a linfocele, por eu ter um local onde essa linfa poderia ser drenada naturalmente, não foi necessário nenhum procedimento cirúrgico.

A Linfocele “é uma complicação no transplante renal que consiste na acumulação de linfa.”¹, ou seja, no meu transplante, houve um lesionamento no sistema linfático e o mesmo começou a vazar esse liquido (linfa). Como eu estava com os pontos, o vazamento que eu tinha na internação era um indicio do que teria embaixo, porém, como o medico quando passava visita apertava um pouco a ferida para ver se vazava e nada acontecia, ficou difícil identificar que existia essa coleção de líquido presa no meu abdome, que só foi percebida na retirada dos pontos, quando o líquido simplesmente “explodiu” para fora.

Segundo uma pequena pesquisa que fiz, até 10% dos transplantados apresentam algum grau de linfocele. Sendo alguns casos necessária uma intervenção cirúrgica ou drenagem (feita com seringas) no próprio consultório. Eu não precisei de nada disso, devido ter um canal na ferida cirúrgica onde a linfa saia. Não foi grave, mas, encheu muito o saco!!!

Minha sorte é que essa coleção estava quase que 90% abaixo da ferida cirúrgica, então não estava causando nenhuma compressão no rim transplantado e nem no ureter, o que poderia causar algum corte de fluxo de sangue/urina.

E assim, finaliza o segundo mês.

Medição do segundo mês da Creatinina:
1- 1.17 (04/04)
2- 1.04 (11/04)
3- 1.12 (25/04)

Fonte¹: http://portalcodgdh.min-saude.pt/index.php/Linfocele_renal_p%C3%B3s-transplante
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O segundo mês – Parte II.

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O primeiro dia após a retirada dos pontos fui fazendo o curativo com gaze (muuuuitas delas) a cada 1h. Parecia que cada liquido que bebia, mais da metade saia pela barriga. Foi uma coisa muito chata.
Eu estava preocupada, só que não muito, já que o médico disse que era normal e com uns dias isso iria diminuir até fechar completamente.
Eu consegui passar o primeiro e o segundo dia tranquila, trocando os curativos na maior paciência do mundo. No terceiro dia, acordei e percebi que o buraquinho onde saia a água tinha aumentado de tamanho, eu conseguia ver o tecido por dentro do buraco (bem nojento por sinal). O que antes cabia uma agulha, agora podia servir de porta caneta, cabia direitinho uma Bic em pé. Vendo isso, minha calma foi para o brejo. Aproveitei que iria para o hospital colher sangue e mais uma vez encararia o Pronto Socorro, a diferença agora, é que desta vez eu saberia por onde entrar corretamente.
Para estancar um pouco o líquido, comecei a usar absorventes, isso porque a gaze não segurava nada. Ainda assim, eu trocava de hora em hora.
Fui colher o exame de sangue e parti para o pronto socorro. Por um milagre estava quase vazio.
Fiz todo processo de triagem que havia pulado da outra vez e fiquei esperando me chamarem para ser atendida.
O primeiro atendimento foi com um Clinico Geral, que concluiu que eu deveria ser avaliada pela equipe de Urologia (bem óbvio, né? rs). O problema é que era uma segunda e o que os urologistas fazem segunda de manhã no HC? Reunião!!!
Fiquei das 8h da manhã até 13h esperando alguém da Urologia descer. Enquanto isso, já estava toda encharcada, sem brincadeira, estava completamente lavada.
Após as 13h uma equipe inteira da Urologia apareceu. Fui atendida por um medico muito atencioso (não posso reclamar, 99% dos médicos lá são super gentis). Ele pediu um ultrassom para avaliar o que estava acontecendo, o medo dele era que o uréter ou a bexiga tivessem alguma perfuração e que o líquido fosse urina. O que eu achava improvável, já que não tinha cheiro de nada, apesar da cor levemente amarelada. O medico também achava improvável, mas claro, quis ter certeza. Eu mesmo confiante, fiquei preocupada, porque ele disse que qualquer coisa eu iria para o centro cirúrgico. Você ouvir algo assim com certeza te perturba.
Minha mãe estava comigo (como sempre), então, eu tentei segurar o choro para não preocupar ela, mas já estava emocionalmente desabando.
Fui para uma sala de espera que ficava após o corredor de “internação” lá do pronto socorro. É um corredor que tem as salas de ultrassom e raio x, mas nele ficam macas e pacientes expostos, devido a falta de leito. Sim, é um lugar feio, triste, mas os profissionais lá tentam fazer o que podem com os recursos que possuem.
Nesta sala, tinha uma criança com febre e um senhor que estava tossindo igual um cachorro, fiquei morrendo de medo de ficar ali. Optei por ficar esperando no corredor, que também não era um lugar apropriado, já que tinha pessoas de tudo quanto era enfermidade. Além do lugar ser bem pouco arejada (nada arejado).
Fiquei duas horas esperando pelo ultrassom e nada, então minha mãe foi procurar o médico, que foi atrás de quem estava responsável pelo ultrassom e não encontrou ninguém. Simplesmente não tinha ninguém para realizar um simples ultrassom.
Depois de muita correria (eu mesmo vi em pessoa), o médico conseguiu localizar um residente e pediu para ele fazer finalmente o bendito ultrassom.
Mais uma vez, profissional gentil e atencioso, o engraçado é que ele era o R1 (Residente nível 1), então ele teria que reportar o exame a um R2, que por sua vez, teria que reportar ao R3, hahahahahahaha… Sério gente, eu estou aprendendo muito com esse transplante.
Depois de fazer o mesmo exame 3x, afinal, o R1, o R2 e o R3 fizeram o ultrassom em mim, a conclusão finalmente apareceu.
Eu estava com uma coleção de líquido abaixo da “ferida cirúrgica”, que naquela hora, dava algo como entorno de 70ml. Mas com certeza era muito mais, visto o que eu já tinha vazado pelo dia todo. Então ouvi pela primeira vez a palavra Linfocele.
Após fazer o ultrassom, fui até o consultório da urologia no PS para avisar que já havia feito, porém, o consultório estava vazio. Toooooda aquela equipe que havia descido para o PS já tinha ido para outro lugar.
Era mais de 20hrs e nada de nenhum médico aparecer. Até que uma luz brilhou no meio da multidão daquele PS, que no momento estava lotado. Vindo em minha direção, lá estava meu cirurgião s2, o que havia feito todo meu milagrinho.
Ele me levou para o consultório, me examinou e quis colher um pouco do líquido que estava saindo para mandar para exame, ele pegou uma seringa sem agulha e “encaixou” no buraco e começou a colher o liquido, ele até cheirou o líquido e disse que era inodoro. O medico que havia me atendido antes apareceu novamente e acompanhou meu atendimento com meu cirurgião s2. Depois de muito me examinar, de ver o resultado do exame de sangue que havia feito pela manhã (que estava tudo muito bem), ele passou a seringa com o liquido colhido para o exame o outro médico e pediu analise do liquido com urgência.
Não satisfeito com o resultado do ultrassom, disse que estava cogitando me internar para fazer mais exames. Contudo, ele pensou bem e disse que iria pedir uma tomografia, dependendo do resultado, ele iria ver o que iria decidir. O problema, é que ele tinha um transplante para fazer na madrugada, então ele só iria me atender novamente na parte da manhã.
Já era 22hrs, eu só estava com os remédios do dia comigo (aprendam, se transplantar, andem com dose extra de sua medicação). Então tive que pedir para minha mãe ir embora, pois ela teria que voltar as 7hrs da manhã trazendo os remédios do dia seguinte que estavam em casa. A minha sorte é que deixo os medicamentos da semana todos organizado, então, cada dia tem seu estojinho com todos os remédios. Então seria tranquilo ela trazer esses remédios.
Bom, minha mãe foi e eu fiquei sozinha no pronto socorro. Estava ficando bastante frio e eu comecei ver uns pernilongos pelo salão da recepção. Fui no posto de enfermagem e pedi gentilmente um lençol para me proteger, o que eu menos precisava era de uma gripe, ou alguma doença transmitida por um inseto. A enfermeira foi um pouco grossa, mas liberou o lençol, lógico que somente após eu mostrar que estava molhada e não tinha blusa e também era recém transplantada.
Fiquei esperando me chamarem para a tomografia, desconfiava que iria demorar muito, então fiquei caminhando pela recepção, ela já estava quase vazia.
Então nessas minhas voltas percebi que haviam alguns idosos com dificuldade de pegar café na maquina automática. Percebendo isso, fiquei próximo a maquina e comecei a me oferecer para ajudar toda vez que alguém se atrapalhava. Então escutei um grupo de mulheres atrás de mim mandando indireta, falando que estava ajudando na esperança de alguém oferecer a pagar para mim um café. Na hora fiquei um pouco chateada com isso, quase fui tirar satisfação. Resolvi ignorar. A maioria me oferecia mesmo para pagar um café, só que se eu quisesse eu tinha recursos para isso, minha intenção era apenas passar o tempo, então achei esse meio para me distrair e ainda ajudar.
Depois de alguns minutos me chamaram para a tomografia. Não durou 3 minutos, foi muito rápido. Ao sair do procedimento, pediram para eu ir até a sala dos médicos que me atenderam para avisar que já tinha feito. Claro que fui e claro que não tinha ninguém.
Lá no Pronto Socorro, você tem que ter bom senso, quem esta esperando atendimento, pode vez ou outra, circular pelos corredores e acabar vendo coisas nada agradáveis.
Eu estava indo de hora em hora até o corredor dos consultórios ver se tinha algum médico e em uma dessas minhas idas, fui até o segurança que estava no final desse mesmo corredor, perguntar se poderia escrever um bilhete e deixar na mesa do consultório, o mesmo não autorizou, claro. No mesmo instante, uma equipe médica estava correndo com uma maca em nossa direção. Eu lembrei de muitas cenas que vi em séries médicas nesse momento. Eram cinco médicos, dois de cada lado da maca e uma médica em cima do paciente fazendo RPC (obrigada Grey’s Anatomy pela referencia), que é movimento de Reanimação Cárdio Pulmonar. O paciente, esse não esqueço jamais, um garoto que acredito ter uns 6/7 anos, estava azul, parecia até que tinha caído em tinta, uma cor bem diferente, nunca tinha visto na vida algo parecido. Enquanto passavam só peguei que o garoto havia ficado embaixo da água por mais de 3 minutos. Como desde o momento que cheguei no pronto socorro, até então, eu só havia tomado um café com leite, não tinha comido nada, estava um pouco fraca, quando vi essa cena, quase caí no chão. Fiquei muito mole, tanto que o segurança me cedeu a cadeira dele para eu sentar. Já não bastasse essa cena, os poucos segundos que fiquei naquela cadeira, apareceu outra equipe médica no mesmo jeito, a diferença é que desta vez era um homem com uma ferida no crânio, a maca estava toda ensanguentada e o homem pálido e não se mexia, tanto que os médicos pararam de correr na metade do corredor e só começaram a empurrar a maca. Vendo isso, saí de lá correndo, voltei para a recepção e lá fiquei até amanhecer.
A cena do menino ficou em looping na minha cabeça. E vez ou outra, eu via alguns familiares saindo dos corredores chorando em desespero. Quanta coisa ruim em um único lugar. Ao mesmo tempo, quanta gente boa se dedicando a transformar essas coisas ruins em algo bom.
Enfim, amanheceu, minha mãe apareceu e eu caí no choro. Sabe como é, sem definição do que esta acontecendo, mais de 24h acordada, sem comer, vendo cenas fortes, desabei no choro. Um enfermeiro vendo a cena, me perguntou o que era, eu narrei toda a saga, em 5 minutos ele entrou em contato com o medico e em seguida apareceu uma outra médica, falando que era apenas uma coleção de “Linfocele”, que podia ir para casa que na consulta do transplante a médica s2 que me acompanha me daria mais orientações. Meu primo que trouxe minha mãe, ficou esperando, então voltei para casa para descansar um pouco, porque na parte da tarde iria ter que voltar para a consulta com a minha médica s2.
Na próxima e ultima parte desse segundo mês, eu conto mais sobre o que é Linfocele. Não vou conseguir escrever na próxima quinta, então, daqui duas semanas darei noticias.
Grande abraço.
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O segundo mês – Parte I.

O primeiro mês passou e a creatinina em queda constante.
Consultas semanais e apenas exames de sangue após a alta hospitalar.
Após aumento da dose do diurético a perna desinchou, não senti nenhum problema na respiração e o peso que ganhei após a cirurgia começou a ser perdido.
Tudo caminhava muito bem.

Já no começo do mês eu havia agendado a retirada dos pontos e do suspeito Duplo J. Digo suspeito, porque cada pessoa que conversei teve uma experiência diferente com ele. Algumas pessoas sentiam ele, outras disseram que só descobriram a existência dele no dia que foram para retirar, outras que sofreram muito para retirar, outras que simplesmente não sentiram absolutamente nada.

Abaixo eu relato MINHA EXPERIÊNCIA PESSOAL, peço que não se baseiem no meu caso, o que aconteceu comigo é bem difícil de acontecer com outra pessoa. 

Quem não tem estômago forte, pare de ler aqui.
01/04 – Retirada do Duplo J e dos pontos.
Sempre quando tenho alguma consulta/procedimento no HC na parte da manhã eu costumo madrugar lá. Gosto de chegar bem cedo para ser um das primeiras a ser atendida. Isso só não funciona quando é consulta com a minha nefro s2 que avalia o transplante, neste caso, eles só me dão a senha 30m antes do horário agendado.
Então, como o procedimento estava marcado para as 8hrs, eu cheguei cedo e fui uma das primeiras na famosa fila da Urologia. Quem conhece sabe do que estou falando, rs.
Quando a ala finalmente abriu, peguei a senha e ainda eram 7hrs. Eu fiquei sentada nas cadeiras do lado de dentro da ala da urologia e fiquei esperando o grande momento.
O que mais queria era tirar os pontos. Eu já estava há 1 mês e 2 dias com eles e era bem desconfortável, repuxavam demais.
Foi aproximadamente 8:40 quando me chamaram para a sala de procedimentos, lá eu não sabia o que me esperava, eu realmente havia colhido tantas experiências que percebi que cada pessoa era de um jeito.
Quando entrei na sala, vi que era uma sala bem pequena, com teto baixo e todos equipamentos bem muquiadinhos.
Quem apareceu primeiro foi uma enfermeira. Um doce de pessoa, extremamente delicada, me ajudou a me preparar para a retirada do Duplo J.
Vesti um avental e deitei na maca que parecia aquelas mesas ginecológicas, rsrs, suuuuuuuuuuper desconfortável… Tive que ficar numa posição bem… enfim… rs… Então a enfermeira sempre pedindo permissão, passou xilocaína lá nas partes baixas, perto da entrada da uretra… É amigos, cada vez mais desconfortável, rsrs… e nesse momento eu fiquei com inveja das pessoas que relataram que foram sedadas para esse procedimento. Eu não fui. Estava lá, tendo direito a todas as sensações, rsrsrs.
Quando o médico entrou, acho que dei o maior sorriso do mundo… Imaginem a cena, eu lá… toda “à volonté”, sorrindo para o médico, hahahahahaha… Eu explico.
Quando transplantei esse médico e o cirurgião que fez a cirurgia s2 que ficaram fazendo o checkup diário da incisão, então eu já o conhecia e assim fiquei mais tranquila, sabia que estava em boas mãos.
O médico se encapou inteiro, dos pés até cabeça, parecia aqueles filmes de contágio, rsrsrs.
E após isso começou a preparar as ferramentas. Quando vi o que seria inserido pela minha uretra a dentro eu quase pulei da maca e saí correndo.
Vou tentar descrever a visão que tive.
Ele pegou uma ferramenta que tinha uma câmera na ponta (com uma luz hiper forte) e essa mesma câmera tinha uma espécie de pinça que puxaria o tal Duplo J.
O tamanho dessa ferramenta é um pouco maior que uma régua (no meu ponto de vista, posso estar errada), e ele tinha a mesma espessura de um canudinho de boteco, aqueles mais finos e coloridos. Claro que fiquei tensa, claro, quem não ficaria? Um negocio rígido e comprido entrando num espaço bem pequeno, o que me consolava é que parecia fino.
O médico depois de tudo preparado ligou o ultrassom que estava atrás da maca onde estava deitada e deixou ele pronto para a ação.
Assim como a enfermeira, ele foi super delicado e cuidadoso, sempre avisando o que iria fazer e pedindo permissão, achei válido.
Então começa a sessão dramalhão. Ele tentou sozinho inserir a tal ferramenta na uretra, mas tava difícil, então ele pediu auxilio para a enfermeira que otimista já estava deixando preparado o material do próximo paciente, hahahaha…
Agora vem a cena mais bizarra/comédia do momento. A sala era pequena, apertada e tinha duas luzes queimada, então a iluminação estava ruim. Diante disso, ele pediu para a enfermeira pegar o celular dele e ligar a lanterna e mirar a luz lá… sim… lá…
Eu quando estou nervosa digo as coisas mais absurdas e tontas do mundo. Comecei a rir com a cena e falei para os dois, “nada de selfie hein?”, HAHAHAHAHAHAHAHA…
Os dois se olharam e devem ter pensado “que doente mental, acho que transplantamos órgão errado”, HAHAHAHAHAHAHAHHA…
Claro que fiquei sem graça mas… já tinha acontecido. E senhores, o dia ainda ia piorar MUITO.
Quando finalmente ele conseguiu inserir o raio da ferramenta eu vi estrelas… sério, aquela xilocaína não fez nem graça, doeu, doeu muito, doeu rude.
E para piorar minha situação, ele não estava achando a ponta do Duplo J, então dá-lhe cutucar de tudo quanto é jeito pra tentar achar esse danado.
Depois de mais ou menos 20 minutos, que me representou dias de demora, ele finalmente achou o raio do cateter. O Duplo J estava posicionado bem errado. Geralmente fica uma pontinha na bexiga, o meu estava todo no uréter. Suei de tanta dor.
Mas assim que achou, puxou que nem percebi, quando olhei ele estava jogando uma mangueirinha branca no lixo.
Bom, a parte 1 foi concluída, então era a hora mais esperada: retirar os pontos.
O medico avaliou ponto por ponto e autorizou a enfermeira a tirar todos eles.
Enquanto o medico tirava as vestes de contágio a enfermeira começou a tirar os pontos, só que quando chegou no quinto ponto, eu virei um chafariz humano.
A enfermeira só falou “vishhhhh” e o médico correu pra ver o que era. Aí corre médico pegar gaze para segurar a aguaceira.
O médico assumiu o posto da enfermeira e começou a drenar essa água. Não era pouca não. Foi MUITA água saindo pelo ponto, tanto que não deram conta, eu acabei molhando a maca, o piso, minha blusa, o avental… foi loucura total.
Enquanto o médico ficou drenando, ele pediu para enfermeira retirar o restante dos pontos para ele ver se mais algum iria vazar também.
Eu fiquei bem desanimada, confesso.
No total foram 21 pontos e somente o de numero 5 resolveu abrir o bico. O interessante nessa experiência é que onde eu achei que tava inchado por causa do rim, na verdade era PURA ÁGUA!!! Acho que o medico ficou mais de 30m drenando água. Até que ele achou que tinha drenado tudo. Sem exagerar, quando cheguei em casa me pesei, eu perdi 3kg nesse dia, só de água.
Quando sentei para me vestir e ir embora, o negocio desembestou novamente a vazar e não foi pouco não. O medico drenou mais um pouco e saiu para atender uma intercorrência, fiquei eu e a enfermeira que já havia devolvido o material do próximo paciente para o armário, rsrsrs.
Quando tudo parecia controlado eu levantei e o que aconteceu? Sim… mais água.
O médico voltou, me prescreveu dois antibióticos devido ao buraquinho que ficou na incisão, tudo pra não infeccionar e saiu novamente. Disse para não me preocupar, que é melhor que eu elimine assim esse liquido do que ele ficar acumulado, que com o tempo ia fechar sozinho.
A enfermeira delicada já estava impaciente, não parava de vazar, então teve a ideia genial de pegar uma fralda geriátrica e me deu para vestir…
Assim… A primeira vez que andei de cadeira de rodas no hospital foi um dos momentos mais traumáticos da minha vida (eu narrei isso nas primeiras postagens), só que nada supera a sensação de USAR FRALDA!!! Quando saí da sala de procedimento percebi que havia ficado lá dentro mais de DUAS HORAS!!! Sim… duas horas. Fiquei com pena dos pacientes que viriam depois.
Enfim, problema solucionado senhores? Nada disso. Cheguei na porta do hospital para ir na farmácia retirar os antibióticos, quando percebo estava totalmente molhada. Minha sorte foi estar de calça preta, então não dava para perceber já que ela ficou toda molhada, estava tudo da mesma cor, rsrs… Pois é, a fralda não deu conta. A minha sorte é que tenho uma intuição muito boa e por algum motivo, eu tinha uma fralda geriátrica na bolsa, corri no banheiro e troquei. Ufa, alivio. Nem quis ficar na farmácia para pegar remédio, corri para casa, tomei um belo banho e fiquei vazando, vazando, vazando…
O dia acabou, porém, esse vazamento foi longe comigo.
Na próxima postagem eu detalho mais o que aconteceu, por hoje fico por aqui.
Um grande abraço a todos.
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O primero mês…

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Olá amigos. Eu já entrei no 6 mês de transplante e tudo esta muito bem, sei que estou devendo informações, então vou escrever mês a mês o que aconteceu, hoje sai o mês 01, se Deus quiser e os anjos do TCC me ajudarem, rsrsrsrs, quinta que vem eu escrevo sobre o mês 02, que foi o mais “interessante” dentre esses 6 que já passaram. Qualquer dúvida que tiverem em relação a algo que eu escrever aqui, podem comentar que eu respondo, ou se preferir me mandem e-mail (esta ali no menu ao lado).
Bom, minha internação durou 8 dias e se não fosse o emocional meio abalado, diria que tinha sido 100% perfeita.
Na primeira semana de alta já tive minha primeira consulta com a equipe de cirurgiões da urologia. O médico, super atencioso, viu minha perna e disse que era normal estar inchada (relatei sobre isso no post anterior), que conforme os dias passassem iria melhorar.
Nesta mesma consulta, ele já fez a solicitação da retirada dos pontos e do Duplo J, que seriam somente em 3 semanas.
Na semana seguinte, fiz o primeiro exame de sangue pós alta e passei na psicóloga. Lá foi uma reunião de transplantados, eu e mais 3 senhores também recém transplantados. O que pude perceber lá, que é a taxa de perda do enxerto é calculada meio errada, acho que a idade vai influenciar muito, porque os três senhores já na primeira semana deles estavam tomando os remédios de forma errada e já haviam esquecido de tomar pelo menos uma vez cada um. Ou seja, muitos aí comem bola, por isso o órgão acaba não durando tanto. Minha opinião.
Ainda na psicóloga, relatei que não estava me sentindo bem emocionalmente, que estava triste, não conseguia ficar feliz. E segundo ela, tinha grandes chances de ser algum dos imunossupressores, a principio não botei muita fé, já que estava triste um pouco antes do transplante. Porém, depois confirmei, já que assim que começaram a diminuir as doses, eu melhorei muito de humor.
Aproveitei que estava lá no hospital e resolvi passar no pronto socorro, a perna inchada não estava me agradando nada. Depois de um rolo enorme por falta de experiência minha no pronto socorro, eu fui atendida. O que o cirurgião disse na sexta anterior, eles confirmaram lá. Pés para alto e é normal ficar inchado e com o tempo iria melhorar. Fui para casa exausta, andar cheia de pontos na barriga era bem incomodo.
Ainda nesta mesma semana, passei na primeira consulta com a médica nefrologista que iria me acompanhar de agora em diante. Fiquei muito feliz, uma médica super atenciosa e preocupada com o bem estar do paciente, sem pressa de atender, tira todas as dúvidas, enfim, adorei. Ela aumentou a dose do diurético e disse que o inchaço da perna iria diminuir. A creatinina já estava em 1.39 e tudo estava dentro do esperado. O retorno seria na próxima semana.
O esquema ficou da seguinte forma, de segunda iria colher o sangue para na terça passar em consulta e na farmácia para retirar os medicamentos, já que toda semana os mesmos eram ajustados.
A semana seguinte a creatinina aumentou um pouquinho, mas nada significante, a médica ficou super feliz e tudo estava além da expectativa até, somente minha glicose que estava dando uma alterada, resultado disso, nada de açúcar na dieta.
Em casa as coisas eram um pouco mais difíceis no sentido de ter autonomia para levantar da cama, deitar na cama, ir para o banheiro (que acontecia a cada 2 horas, inclusive nas madrugadas). No total foram 21 pontos e como eles repuxavam um pouco, era difícil fazer alguns movimentos, mas nada era mais horrível do que espirrar, rsrsrs, parecia que todas tripas iriam para fora, rsrsrs. Isso porque eu segurava a cirurgia pra nada escapar, rsrsrs.
Estava ansiosa para retirar os pontos e ficar livre para me movimentar normalmente. Só que isso só aconteceu no inicio do segundo mês, então vai ficar para uma próxima postagem.
Completei o primeiro mês já com a perna desinchada e com as alterações de humor solucionada, que no meu caso era a Prednisona a culpada.
Medição do primeiro mês da Creatinina (pós alta hospitalar):
1- 1.39 (14/03)
2- 1.44 (21/03)
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O transplante – Parte Final.

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6/3 Qualquer coisa para fugir do tédio…A madrugada de sábado para domingo foi um pouco tensa. Muita gritaria, um paciente acabou atacando uma enfermeira e houve uma correria no corredor acompanhado de confusão e mais gritaria.
Após a confusão, a enfermeira entrou de madrugada para tirar meu acesso central, não doeu nada, é tão fininho que de verdade, se não fosse o curativo puxando meu cabelo, eu nem notaria ele lá. Bom, retirar o acesso central era um bom sinal, fiquei feliz, apesar de meia cabreira por ter sido de madrugada, mas já tinha entendido que lá não existe hora para acontecer os procedimentos tipo exames/retirada de sonda/acesso/etc.E depois de tudo isso, claro que não foi fácil pegar no sono e quando ele finalmente chegou, acabou chegando junto também a técnica para colher exame de sangue. Resultado: Não dormi.
Segui mais uma vez toda rotina matinal: Fui me pesar, tomei café (por um milagre apareceu um pão com manteiga), fui para o banho, tomei todos os imunossupressores e fizeram minha checagem de pressão/febre/glicose. Tudo isso e ainda eram 9h da manhã.
Fui dar uma volta, ver quem eram as técnicas do dia e ver se meu médico estava lá. Descobri que meu médico não viria neste dia, então provavelmente não teria nenhuma novidade significativa.
Era 10h quando uma senhorinha muito simpática pediu licença para entrar no quarto e então ela convidou eu e a Cris para ir num culto que seria realizado no 8º andar.
Quem me conhece sabe que não tenho religião, apenas acredito em Deus e minha fé é “caseira”, rsrs. Mesmo assim, aceitei o convite da senhorinha, queria sair um pouco daquele lugar e literalmente foi somente essa oportunidade bateu na minha porta. A senhorinha me acompanhou até o 8º andar e depois não vi mais ela. Quando entrei no auditório que iria acontecer o culto, ele já estava bem cheio, sentei na frente de uma mãe com duas crianças. Foi interessante, cada pessoa daquele auditório era de um lugar diferente do HC e portanto, tinha uma patologia diferente. Quando olhei para o senhor que iria comandar o culto (desculpem, não sei como nomear isso, rsrsrs), eu me assustei. Juro que achei que estava na minha frente o Robin Willians e para ser o Patch Adams só faltava o nariz, já que ele estava de jaleco branco. Meu Deus, pena que estava sem o meu celular, senão faria questão de tirar uma foto, o senhor é idêntico ao Robin, impressionante.
Passado esse impacto, ele iniciou o culto e seria assim, ele cantaria e tocaria um violão e nos intervalos de cada música ele falaria algo brevemente. Uma das musicas me chamou a atenção, foi a mesma que minha vizinha teima em ficar cantando com toda força do pulmão dela e justamente nos momentos que estou tentando estudar, é impressionante, parece até que ela sabe, rsrs. Voltando ao culto, dada essa coincidência da música eu resolvi prestar mais atenção na letra e a danada da musica é bonitinha até. Acho que o nome dela é BARQUINHO, não tenho certeza.
Enfim, da metade do culto até o final, as duas lindas crianças que estavam atrás começaram a chutar meu banco… chutou uma… chutou duas… chutou três vezes… e assim, eu ia para frente e os pontos da cirurgia acabavam dando umas fisgadas. O engraçado é que geralmente nessas horas eu já iria me levantar e dar uma bronca na mãe que não controla os filhos dela, só que dessa vez eu fiquei na minha, ainda mais depois que a mãe chamou um deles de Lucas. Eu tenho um loooooongo histórico com crianças chamadas Lucas, aí já entendi que tinha que aguentar e ficou por isso mesmo.
Quando o culto acabou, não achei a senhorinha, ela havia me dito que me acompanharia de volta. Eu já estava apertada para ir no banheiro, resolvi não esperar e voltei sozinha mesmo.
E praticamente depois disso o domingo foi morno, até claro, chegar a noite.
Quando eu estava quase indo dormir uma enfermeira entra no quarto com uma bomba de infusão e um soro de 1 litro com medicamento. Eu pensava que era para Cris, já que as vezes ela tomava algum medicamento nessa bomba. Só que dessa vez era comigo. O medico receitou potássio porque o meu estava muito baixo. Claro que fiquei com medo, porque até eu descobrir pra que era, a Dna. Neura marcou presença mais uma vez.
Eu tive que ficar 4h ligada nessa bomba de infusão, era 2h da manhã quando finalmente terminou e quando pensei que iria dormir, a enfermeira chegou com mais 1 litro, dessa vez era só soro. Meu sódio também estava baixo. E mais uma vez seriam 4h para infundir esse soro, já nos primeiros minutos senti minhas mãos incharem e minha perna direita também, do joelho para baixo. Chamei a enfermeira, esta chamou o plantonista e este examinou e ficou por isso mesmo. Dada as 4h, já tinha que começar com toda a rotina novamente. Eu só consegui dar uns cochilos.
Conclusão: Nunca sentem na frente de crianças, rs.

Resumo técnico do dia:
– Sem dores.
– Pontos vazando muito pouco, mas ainda vazando.
– Perna direita levemente inchada.
– Tomei potássio e sódio.
– Suspenderam o diurético injetável, irei tomar somente em comprimidos.
7/3 É hora de dizer tchau…
Após a rotina matinal e a preocupação sobre as bolsas de potássio e sódio que foram infundida, eu notei que as mãos desincharam, contudo, minha perna direita, principalmente o pé, estava bem inchadinho.
Minha mãe havia vindo pela manhã, adiantado a visita que é das 15h até as 17h, então era 12h e nada mais iria acontecer. Como ninguém havia falado de alta hospitalar, ela foi embora.
Quando foi 15h o cirurgião que fez o transplante, o Dr. Éder (acredito que não seja com H), apareceu e quis me examinar e perguntou se eu tinha assinado um termo no momento do transplante, eu disse que não, mas na verdade tinha, é que não lembrava. Então ele todo feliz me deu umas folhas para assinar e perguntou se eu estava feliz em saber que iria para casa. Eu fiz cara de coxinha pra ele, eu nem sabia que estava de alta e disse isso para ele, então ele disse que da parte dele eu já estava de alta, mas ele iria confirmar com o Nefrologista.
Algumas horas depois chegou a confirmação e começaram a me preparar. Pediram para eu chamar um familiar, tive que conversar com a nutricionista e só faltei implorar para meu médico vir me esclarecer umas dúvidas, que com todo tempo livre, fiz uma lista de perguntas para não esquecer nenhuma.
Com tudo resolvido, meu irmão chegou para me buscar e tivemos uma breve aula de como tomar os medicamentos em casa e alguns outros cuidados básicos como lavar sempre a mão, evitar contato com pessoas doentes e jamais atrasar com os horários dos remédios.
Com o acesso venoso retirado, um saco de remédios e um monte de bagulhos em duas sacolas eu me despedi da Cris (foi meio emocional demais essa parte) e parti para casa.
A volta para casa foi muito esquisita. Foi bem diferente do que eu havia imaginado que seria, tanto que acabei chorando no carro e dando uma “patadinha” no meu irmão.
Ao chegar e ver meus pais e a minha cachorra, eu senti uma responsabilidade imensa em fazer tudo isso dar certo, eles estavam felizes, só que por algum motivo, eu não estava tão feliz assim.
Sentei um pouco na sala e meu pai reparou na minha perna e perguntou porque estava tão inchada, eu olhei e assustei, estava praticamente o dobro do inchaço do que quando ainda estava no hospital. Estava horrível, se achar a foto que tirei das minhas pernas eu coloco aqui numa próxima atualização.
Já era mais de 22h e eu queria ir dormir. Mas quem dorme tendo que correr pro banheiro a cada duas horas???
Conclusão: Despedidas são tristes e em hospitais é fácil se apegar nas pessoas.
Resumo técnico do dia:
– Pé e perna direita inchada.
– Livre de penduricalhos no corpo.
– Alta hospitalar!!!