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Décimo primeiro mês.

Ai chega a época de festas, sua médica só diz para você maneirar e eu nem estava com ideia de nada muito extravagante, só iria manter a rotina de sempre. Natal na casa dos meus pais e virada do ano em Piracicaba. O Natal foi tranquilo, como sempre deve ser, só que a virada foi tensa.
Eis que cheguei na minha primeira intercorrência grave. Dia 01/01/17 acordei de madrugada (1h depois que havia ido dormir, rsrs) com uma dor nas costas, fui até o banheiro, tudo normal, a dor persistiu, mas o sono falou mais alto. Quando acordei tentei tomar café da manhã não foi, fiquei super enjoada, voltei para a cama. Acabei ficando o dia todo entre acordar, tentar levantar, sentir dor, desistir e voltar a dormir. Foi super de repente os sintomas. No final da tarde, tentei insistir para levantar, caí da cama. Fiquei um tempo no chão, me senti mais fraca ainda. Voltei para a cama e fiquei nessa até umas 23h, quando mais uma vez insisti e fui para o lado de fora da casa tomar um ar… Arrrrr, só que não prestou. Passei mais mal ainda… tão mal, que tive que ir de Samu para o pronto socorro de Piracicaba. Estava com 39,4 de febre e muito, muito, muito enjoada. Para resumir, estava com uma infecção urinária. E assim, já tive infecção urinária e nenhuma chegou perto dessa, de verdade, foi uma infecção das trevas. Voltei para São Paulo não sei como, não tinha força nem para falar. No dia seguinte fiz exames para no outro dia (dois dias depois) passar na medica e claro, levei uma merecida bronca da médica, deveria ter procurado o HC assim que comecei a passar mal. Teimosia é outra doença que tenho.
Para resumir a opera, eu estava com uma infecção grave que fez minha creatinina ir nas alturas. Achei que Mr. Bauer me diria adeus, porém, revertemos o quadro e tudo normalizou, mas fiquei duas semanas podre na cama, o que me aliviou é que isso aconteceu depois de ter terminado a faculdade, já pensou ficar assim antes de fazer a defesa do TCC? Seria trágico, rsrs.

Medição do décimo primeiro mês da Creatinina:
1- 1,0 (02/01)
2- 2,98 (03/01)
3- Urograma positivo (04/01).
4- 1,11 (10/01)
5- 1,19 (17/01)
6- Urograma negativo (23/01).

 

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Décimo mês.

Não teve exame, não teve consulta (somente dermatologista). Foquei total no TCC e quase enlouqueci nessa parte. Para uma pessoa perfeccionista fazendo algo que possui um apanhado de normas para concluir não deveria ser difícil, não é mesmo? Mas foi uma relação de ódio todo o tempo que fiquei desenvolvendo o trabalho, de verdade, outro TCC não faço nunca mais, só se pagarem e pagarem BEM.
O que interessa é que a dor na vesícula passou, mas eu sei que é um caminho sem volta, ela tem que partir.

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Nono mês.

Se fosse uma gestação, estaria com o bebê aqui, mas foi um “parto ao contrário”, ao invés de tirar, colocaram o bebe na minha barriga… e que bebê que dá trabalho. Eu tive que repetir a Determinação da Filtração Glomerular e dessa vez deu 56%, caiu bastante, eu claro, fiquei chateada, mas no fim resolvi aceitar o tempo que tiver com o Mr. Bauer.
No dia que fiz o exame, conheci um palhaço que trabalha em clinicas de hemodialise, e o detalhe, pouco tempo que ele começou a trabalhar na clinica de hemodialise ele perdeu os rins. Pois é… essa vida gosta de sacanear as vezes. Ele tem uma fundação, que preciso escrever sobre ela mais adiante, enfim, o palhaço é hilário… esta transplantado há 11 anos e tem um trabalho muito lindo na instituição dele.

Medição do nono mês da Creatinina:
1- 1,11 (17/11)
2- 1,21 (22/11)

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Oitavo mês.

Finalmente consegui fazer a densitometria óssea, esse exame era para ser feito nos primeiros meses do transplante, mas o pessoal que faz esse exame estavam em greve, então atrasou um “cadin” a realização do mesmo. O resultado deu normal, fiquei feliz pra caramba, um problema a menos na cabeça.
Na consulta de rotina com minha médica cuidadora s2, os exames estavam normais, com exceção das enzimas do fígado. Acho que enquanto eu não resolver a vesícula eu vou ficar tendo problema com o figado, o que é bem chato, mas bem feito, ninguém mandou eu correr da briga quando soube da pedra na vesícula.
Sem grandes novidades, as consultas começaram a perder a intensidade e a faculdade acabou drenando toda a energia que tinha.

Medição do oitavo mês da Creatinina:
1- 0,98 (04/10)
2- 1,20 (17/10)

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Sétimo mês.

Comecei a sentir umas dores na parte superior direita do abdômen, um palmo acima de onde foi a cirurgia do transplante. Eu achava que era algo no rim, mas os exames revelaram que era a filha da mãe da pedra na vesícula (sei da existência dela desde 2013, se não em engano… é… UMA VERGONHA DIZER ISSO). A pedra já está nos seus 2 cm e resolveu dar o ar da graça e começar a aprontar. E para piorar a situação, os níveis das enzimas do figado começaram a ficar altos. Resultado? Fui encaminhada para o setor de Cirurgia Geral para ver se arrancar a vesícula de uma vez.
E vou dar um conselho bem útil, quem pretende transplantar, resolvam todas as coisas que precisam de cirurgia ANTES do transplante, porque arrancar uma unha encravada depois do transplante já é tenso, imaginem uma cirurgia. Não façam igual a pessoa aqui, que ficou adiando e agora vai pagar o preço né?Afinal, provavelmente só vão me operar se eu for parar no PS com muita, muita, muita dor. Operar em emergência não é o mundo ideal para nós… fica a lição. E um puxão de orelha em mim mesma. CABEÇÃÃÃÃO!
Tirando esse detalhinho (afinal, são só 2 cm :D), o rim esta bem.

Medição do sétimo mês da Creatinina:
1- 1,15 (05/09)

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Sexto mês.

Não fiz exame de sangue, porém, tive outras consultas com outros especialista, para aproveitar as férias da faculdade que praticamente se estenderam até meio de agosto. Acabei passando com a equipe de Osteodistrofia, dermatologia e também na ginecologia.
O bom de se tratar no HC, é que todo tratamento fica centrado lá, então uma especialidade acaba tendo todo o seu prontuário, ou seja, eles tem acesso a todo meu histórico como paciente, não somente da área dele, mas de todas as que eu já passei e de vários anos atrás (no meu caso eles tem dados desde 2009 e sim, eles usam esses dados para fazer uma evolução do meu caso).
Neste mês eu passei também no Uro/Cirurgião, me avaliaram e acabaram me dando um baita intervalo para a próxima consulta, quase 6 meses para o próximo retorno. Como a quantidade de linfocele acumulada no abdome estava bem pequena (15 ml), foi me dito que o próprio corpo iria absorver, não tinha necessidade de continuar acompanhando com tanta frequência. Eu adorei, rs.

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Quinto mês.

Depois que chegou no 5º mês, acho que parei um pouco com as neuras, como a de querer colocar mascara em qualquer buraco que me enfiava, de ter medo de sair de casa (sim, eu fiquei), e passei a curtir finalmente o transplante, curtir no sentido de voltar a viver em liberdade, coisa que a hemodialise impedia um pouco e o inicio do transplante também impediu, já que tinha os pontos, depois o “vazamento barrigal” (tenho certeza de quem ler rápido vai ler outra coisa, hahahahahahaha), etc.
A consulta começou a espaçar e passou a ser a cada 40 dias. Uma MARAVILHA!!!

Fiz um ultrassom do rim transplantado que mostrou a mesma coleção que a tomografia havia identificado, eles pediram os dois exames juntos, mas não deu para fazer eles no mesmo dia, então o ultrassom ficou para esse mês. Tirando isso, nada aconteceu. Nenhum intercorrência.

Medição do quarto mês da Creatinina:
1- 1,06 (18/07)

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Quarto mês.

Cheguei no quarto mês e foi um alívio não precisar mais ficar trocando curativos.
Fiz a tomografia que acusou um acumulo bem menor de linfa ainda na cavidade abdominal, porém, os médicos disseram que com o tempo, por ser uma coleção tão pequena o próprio corpo tenderia a absorver.
Outro exame que fiz, foi a Determinação da Filtração Glomerular, que indica precisamente quantos porcentos está funcionando o rim. Esse exame é bem cansativo. Eu cheguei 6h da manhã, a medicina nuclear (local onde realiza o exame, dentro do próprio HC), abriu as 7h e só começou a realização deste exame as 8h. Primeiramente fui chamada pela enfermeira que fez umas perguntas, como quando foi o transplante, se foi doador vivo ou cadáver, se estava de jejum, etc. Após isso, depois de uns minutos passei com uma médica que praticamente fez as mesmas perguntas. Em seguida fui encaminhada para uma sala onde me pesaram.
Após isso, foi explicado que iriam injetar um produto radioativo em uma veia do meu pé. Existe todo um cuidado na manipulação da seringa que tem esse produto, tanto que a seringa fica reservada em um compartimento metálico bem grosso (não sei se é ferro, alumínio, etc), com meu nome e identificações nela. Após a aplicação desse produto, a enfermeira pega uma espécie de dosímetro (aparelho que mede radiação, algo assim, quem entender me corrija). E assim, confirma se o medicamento foi injetado de forma correta. Após isso, é preciso esperar 4 horas para colher a primeira amostra de sangue e depois esperar mais 2 horas para a última coleta de sangue. Eles recomendam beber muita água e não comer nada gorduroso enquanto esta fazendo o exame. O cansativo é que são praticamente 6 horas sem ter o que fazer lá. Porém, sempre acaba formando uma panela de transplantados na sala de espera e cada um acaba contando sua historia, rsrs.
Bom, após todos os procedimentos e 20 dias de espera, o resultado foi que o rim estava funcionando 59%. A médica disse que era um bom valor vindo de um doador falecido, então, não encanei, mas que desejei ver uns 80% ali… Ô…

Foi mais um mês que não aconteceu muita coisa. Nenhuma intercorrência, então foquei na faculdade que estava na época das provas do 7º semestre, e deu tudo certo, nenhuma DP, fui invicta para o 8º semestre da faculdade e mal sabia que seria o mais tenso, rsrs.

Medição do quarto mês da Creatinina:
1- 1,06 (09/06)
2- 0,85 (23/06)
3- 0,94 (27/06)

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Terceiro mês.

Olá pessoal, como estão?
Eu as vezes esqueço de observar o restante desse blog, hoje quando olhei a quantidade de curtidas no facebook eu fiquei chocada. Foram mais de 1900 pessoas curtindo um assunto tão pouco difundido no país, que ao perceber isso, me criou um senso de responsabilidade maior do que já tinha ao escrever aqui, além disso, são de mais de 250.000 visitas (não são únicas, porém, para um blog que fala sobre DRC, achei espetacular). Observando tudo isso, pretendo revisar cada uma das postagens, principalmente as iniciais, já que era tão iniciante que com certeza deixei alguma ponta solta.

Bom, o terceiro mês não trouxe nenhuma novidade, os exames estavam bons, apenas minha glicose que começou a se manifestar ¬¬. Para quem não sabe, alguns dos remédios que temos que tomar para segurar o transplante, pode aumentar os índices de alguns exames e a glicose é um deles.

O vazamento da linfa foi diminuindo até finalmente fechar o buraquinho onde ela saia. Na consulta com o cirurgião (tive que passar toda semana para eles acompanharem), eles ficaram satisfeito com a resolução final, mas pediram exames de imagem para confirmar se não havia a coleção de líquidos no abdome, mas só realizei os exames no mês seguinte.

Não houve nenhuma intercorrência neste período.

Medição do terceiro mês da Creatinina:
1- 1.07 (09/05)
2- 0,97 (23/05)

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Segundo mês – Final.

Já perceberam que sou péssima em prometer uma rotina aqui, né? rsrsrs.
No final do ano passado foi o meu último ano da faculdade e estava que nem louca fazendo o TCC, sério, que ano maravilhoso foi 2016! Transplante, conclusão da faculdade, entre outras coisas. Devido ao TCC, até o dia 12/12 eu estava literalmente vivendo para concluir essa última etapa da minha graduação. Quem já fez, sabe o quanto estressa. Eu quase enlouqueci tentando conciliar as consultas/exames com o TCC, de verdade faltou pouco para surtar. Mas, concluí o trabalho e, consegui nota máxima! 🙂
Conto isso não para aparecer, mas sim para mostrar que DRC (Doença Renal Crônica) é um limitador, porém, é possível realizar muitas coisas, basta querer e não ficar sentado na “cadeira de coitado”.

Bom, vou continuar de onde parei.

O segundo mês foi frenético em consultas e exames. Após identificada a linfocele, por eu ter um local onde essa linfa poderia ser drenada naturalmente, não foi necessário nenhum procedimento cirúrgico.

A Linfocele “é uma complicação no transplante renal que consiste na acumulação de linfa.”¹, ou seja, no meu transplante, houve um lesionamento no sistema linfático e o mesmo começou a vazar esse liquido (linfa). Como eu estava com os pontos, o vazamento que eu tinha na internação era um indicio do que teria embaixo, porém, como o medico quando passava visita apertava um pouco a ferida para ver se vazava e nada acontecia, ficou difícil identificar que existia essa coleção de líquido presa no meu abdome, que só foi percebida na retirada dos pontos, quando o líquido simplesmente “explodiu” para fora.

Segundo uma pequena pesquisa que fiz, até 10% dos transplantados apresentam algum grau de linfocele. Sendo alguns casos necessária uma intervenção cirúrgica ou drenagem (feita com seringas) no próprio consultório. Eu não precisei de nada disso, devido ter um canal na ferida cirúrgica onde a linfa saia. Não foi grave, mas, encheu muito o saco!!!

Minha sorte é que essa coleção estava quase que 90% abaixo da ferida cirúrgica, então não estava causando nenhuma compressão no rim transplantado e nem no ureter, o que poderia causar algum corte de fluxo de sangue/urina.

E assim, finaliza o segundo mês.

Medição do segundo mês da Creatinina:
1- 1.17 (04/04)
2- 1.04 (11/04)
3- 1.12 (25/04)

Fonte¹: http://portalcodgdh.min-saude.pt/index.php/Linfocele_renal_p%C3%B3s-transplante