Sem categoria, Todos

O segundo mês – Parte I.

O primeiro mês passou e a creatinina em queda constante.
Consultas semanais e apenas exames de sangue após a alta hospitalar.
Após aumento da dose do diurético a perna desinchou, não senti nenhum problema na respiração e o peso que ganhei após a cirurgia começou a ser perdido.
Tudo caminhava muito bem.

Já no começo do mês eu havia agendado a retirada dos pontos e do suspeito Duplo J. Digo suspeito, porque cada pessoa que conversei teve uma experiência diferente com ele. Algumas pessoas sentiam ele, outras disseram que só descobriram a existência dele no dia que foram para retirar, outras que sofreram muito para retirar, outras que simplesmente não sentiram absolutamente nada.

Abaixo eu relato MINHA EXPERIÊNCIA PESSOAL, peço que não se baseiem no meu caso, o que aconteceu comigo é bem difícil de acontecer com outra pessoa. 

Quem não tem estômago forte, pare de ler aqui.
01/04 – Retirada do Duplo J e dos pontos.
Sempre quando tenho alguma consulta/procedimento no HC na parte da manhã eu costumo madrugar lá. Gosto de chegar bem cedo para ser um das primeiras a ser atendida. Isso só não funciona quando é consulta com a minha nefro s2 que avalia o transplante, neste caso, eles só me dão a senha 30m antes do horário agendado.
Então, como o procedimento estava marcado para as 8hrs, eu cheguei cedo e fui uma das primeiras na famosa fila da Urologia. Quem conhece sabe do que estou falando, rs.
Quando a ala finalmente abriu, peguei a senha e ainda eram 7hrs. Eu fiquei sentada nas cadeiras do lado de dentro da ala da urologia e fiquei esperando o grande momento.
O que mais queria era tirar os pontos. Eu já estava há 1 mês e 2 dias com eles e era bem desconfortável, repuxavam demais.
Foi aproximadamente 8:40 quando me chamaram para a sala de procedimentos, lá eu não sabia o que me esperava, eu realmente havia colhido tantas experiências que percebi que cada pessoa era de um jeito.
Quando entrei na sala, vi que era uma sala bem pequena, com teto baixo e todos equipamentos bem muquiadinhos.
Quem apareceu primeiro foi uma enfermeira. Um doce de pessoa, extremamente delicada, me ajudou a me preparar para a retirada do Duplo J.
Vesti um avental e deitei na maca que parecia aquelas mesas ginecológicas, rsrs, suuuuuuuuuuper desconfortável… Tive que ficar numa posição bem… enfim… rs… Então a enfermeira sempre pedindo permissão, passou xilocaína lá nas partes baixas, perto da entrada da uretra… É amigos, cada vez mais desconfortável, rsrs… e nesse momento eu fiquei com inveja das pessoas que relataram que foram sedadas para esse procedimento. Eu não fui. Estava lá, tendo direito a todas as sensações, rsrsrs.
Quando o médico entrou, acho que dei o maior sorriso do mundo… Imaginem a cena, eu lá… toda “à volonté”, sorrindo para o médico, hahahahahaha… Eu explico.
Quando transplantei esse médico e o cirurgião que fez a cirurgia s2 que ficaram fazendo o checkup diário da incisão, então eu já o conhecia e assim fiquei mais tranquila, sabia que estava em boas mãos.
O médico se encapou inteiro, dos pés até cabeça, parecia aqueles filmes de contágio, rsrsrs.
E após isso começou a preparar as ferramentas. Quando vi o que seria inserido pela minha uretra a dentro eu quase pulei da maca e saí correndo.
Vou tentar descrever a visão que tive.
Ele pegou uma ferramenta que tinha uma câmera na ponta (com uma luz hiper forte) e essa mesma câmera tinha uma espécie de pinça que puxaria o tal Duplo J.
O tamanho dessa ferramenta é um pouco maior que uma régua (no meu ponto de vista, posso estar errada), e ele tinha a mesma espessura de um canudinho de boteco, aqueles mais finos e coloridos. Claro que fiquei tensa, claro, quem não ficaria? Um negocio rígido e comprido entrando num espaço bem pequeno, o que me consolava é que parecia fino.
O médico depois de tudo preparado ligou o ultrassom que estava atrás da maca onde estava deitada e deixou ele pronto para a ação.
Assim como a enfermeira, ele foi super delicado e cuidadoso, sempre avisando o que iria fazer e pedindo permissão, achei válido.
Então começa a sessão dramalhão. Ele tentou sozinho inserir a tal ferramenta na uretra, mas tava difícil, então ele pediu auxilio para a enfermeira que otimista já estava deixando preparado o material do próximo paciente, hahahaha…
Agora vem a cena mais bizarra/comédia do momento. A sala era pequena, apertada e tinha duas luzes queimada, então a iluminação estava ruim. Diante disso, ele pediu para a enfermeira pegar o celular dele e ligar a lanterna e mirar a luz lá… sim… lá…
Eu quando estou nervosa digo as coisas mais absurdas e tontas do mundo. Comecei a rir com a cena e falei para os dois, “nada de selfie hein?”, HAHAHAHAHAHAHAHA…
Os dois se olharam e devem ter pensado “que doente mental, acho que transplantamos órgão errado”, HAHAHAHAHAHAHAHHA…
Claro que fiquei sem graça mas… já tinha acontecido. E senhores, o dia ainda ia piorar MUITO.
Quando finalmente ele conseguiu inserir o raio da ferramenta eu vi estrelas… sério, aquela xilocaína não fez nem graça, doeu, doeu muito, doeu rude.
E para piorar minha situação, ele não estava achando a ponta do Duplo J, então dá-lhe cutucar de tudo quanto é jeito pra tentar achar esse danado.
Depois de mais ou menos 20 minutos, que me representou dias de demora, ele finalmente achou o raio do cateter. O Duplo J estava posicionado bem errado. Geralmente fica uma pontinha na bexiga, o meu estava todo no uréter. Suei de tanta dor.
Mas assim que achou, puxou que nem percebi, quando olhei ele estava jogando uma mangueirinha branca no lixo.
Bom, a parte 1 foi concluída, então era a hora mais esperada: retirar os pontos.
O medico avaliou ponto por ponto e autorizou a enfermeira a tirar todos eles.
Enquanto o medico tirava as vestes de contágio a enfermeira começou a tirar os pontos, só que quando chegou no quinto ponto, eu virei um chafariz humano.
A enfermeira só falou “vishhhhh” e o médico correu pra ver o que era. Aí corre médico pegar gaze para segurar a aguaceira.
O médico assumiu o posto da enfermeira e começou a drenar essa água. Não era pouca não. Foi MUITA água saindo pelo ponto, tanto que não deram conta, eu acabei molhando a maca, o piso, minha blusa, o avental… foi loucura total.
Enquanto o médico ficou drenando, ele pediu para enfermeira retirar o restante dos pontos para ele ver se mais algum iria vazar também.
Eu fiquei bem desanimada, confesso.
No total foram 21 pontos e somente o de numero 5 resolveu abrir o bico. O interessante nessa experiência é que onde eu achei que tava inchado por causa do rim, na verdade era PURA ÁGUA!!! Acho que o medico ficou mais de 30m drenando água. Até que ele achou que tinha drenado tudo. Sem exagerar, quando cheguei em casa me pesei, eu perdi 3kg nesse dia, só de água.
Quando sentei para me vestir e ir embora, o negocio desembestou novamente a vazar e não foi pouco não. O medico drenou mais um pouco e saiu para atender uma intercorrência, fiquei eu e a enfermeira que já havia devolvido o material do próximo paciente para o armário, rsrsrs.
Quando tudo parecia controlado eu levantei e o que aconteceu? Sim… mais água.
O médico voltou, me prescreveu dois antibióticos devido ao buraquinho que ficou na incisão, tudo pra não infeccionar e saiu novamente. Disse para não me preocupar, que é melhor que eu elimine assim esse liquido do que ele ficar acumulado, que com o tempo ia fechar sozinho.
A enfermeira delicada já estava impaciente, não parava de vazar, então teve a ideia genial de pegar uma fralda geriátrica e me deu para vestir…
Assim… A primeira vez que andei de cadeira de rodas no hospital foi um dos momentos mais traumáticos da minha vida (eu narrei isso nas primeiras postagens), só que nada supera a sensação de USAR FRALDA!!! Quando saí da sala de procedimento percebi que havia ficado lá dentro mais de DUAS HORAS!!! Sim… duas horas. Fiquei com pena dos pacientes que viriam depois.
Enfim, problema solucionado senhores? Nada disso. Cheguei na porta do hospital para ir na farmácia retirar os antibióticos, quando percebo estava totalmente molhada. Minha sorte foi estar de calça preta, então não dava para perceber já que ela ficou toda molhada, estava tudo da mesma cor, rsrs… Pois é, a fralda não deu conta. A minha sorte é que tenho uma intuição muito boa e por algum motivo, eu tinha uma fralda geriátrica na bolsa, corri no banheiro e troquei. Ufa, alivio. Nem quis ficar na farmácia para pegar remédio, corri para casa, tomei um belo banho e fiquei vazando, vazando, vazando…
O dia acabou, porém, esse vazamento foi longe comigo.
Na próxima postagem eu detalho mais o que aconteceu, por hoje fico por aqui.
Um grande abraço a todos.

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