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O transplante – Parte 06.

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04/03 – Hora de começar a subir…
Depois da aflição do dia anterior finalizada com felicidade ao conseguir urinar sozinha, eu fiquei muito mais tranquila, apesar de correr pro banheiro de hora em hora, foi de verdade uma alegria.
Eu fiz 6 anos de hemodialise e no ultimo ano não urinava mais, o que tinha que sair, só sairia na diálise, não tinha jeito. Com isso a bexiga foi atrofiando por não ser mais usada. Como ela ficou muito pequena, qualquer liquido que eu bebia em pouco tempo eu tinha que ir ao banheiro, porque ela enchia muito mais rápido que o normal por ter pouco espaço. O médico me orientou que conforme o tempo for passando a bexiga vai voltando ao tamanho normal e os intervalos de idas ao banheiro vão diminuindo.
O dia foi muito tranquilo, nenhum exame bizarro para fazer, só fiquei à toa no quarto, quando cansava ia caminhar ou conversar com os vizinhos de quarto. Como a Cris não havia passado muito bem a noite, tendo inclusive que tomar morfina, eu evitei ficar fazendo barulho e preferi ficar conversando com qualquer um que encontrasse do lado de fora.
Vi mais uma pessoa indo para o transplante. Um homem que acredito que tenha uns 50 anos, ele estava tranquilão, coisa de dar inveja, mas é isso, cada um reage de um jeito.
O dia demorou a passar, mas foi tão tranquilo que até tive sorte de receber uma janta comível, rsrs, e essa foi minha primeira refeição no hospital.
O meu médico passou cedo e finalmente me deu alguns valores, disse que minha creatinina de 9 (quando entrei para cirurgia), tinha caído para 7 após a cirurgia e agora estava em 5, que ele estava esperando mais uma queda sequencial para me dar alta e que tudo levava a crer que seria na segunda feira.
Conversando com as enfermeiras, uma me disse que o protocolo de alta hospitalar do HC para transplantados renais acontece quando o paciente apresenta 3 quedas seguidas de creatinina no exame e não apresenta nenhuma infecção ou dor aguda.
Já sabendo que iria passar o final de semana lá, eu relaxei, resolvi continuar seguindo as orientações da equipe. A noite chegou e eu consegui dormir razoavelmente bem.
Um detalhe que não posso deixar de citar é que todos os dias da internação eu alternava de humor, mas mesmo com boas noticias e sem praticamente dor alguma, eu ficava entre e triste e o muito triste.

Resumo técnico do dia:

– Foi o primeiro dia que não colheram nenhum exame de sangue.
– A queimação no estômago seguiu firme e forte, nenhum remédio era efetivo, melhorava por algumas poucas horas e depois retornava.
– Tentei ficar sem curativo, mas sempre que sentava tinha que tomar banho e trocar o avental, pois sujava um pouco, depois da terceira troca desisti e pedi para fazerem um curativo.

5/3 – Contrabando de comida…
Depois de toda saga, de ficar em uma gangorra emocional louca, o que mais estava incomodando no momento era a fome.
Eu aproveitei que meu irmão e minha cunhada viriam me visitar e pedi umas tranqueirinhas para comer. Não era nada demais, a maioria integral, é que não conseguia comer nada do hospital com exceção das bolachinhas e torradas.
Queria mesmo era um belo almoço, mas entrar com comida no hospital era quase impossível, além do que, comida fria ninguém merece.
Claro que minha peraltice teve efeito. Minha glicose aumentou e com isso me aplicaram insulina. Eu fui pega de surpresa, de repente aparece a enfermeira com a seringa e zap no braço. Por ter meu pai diabético e dependente de insulina, eu fiquei chocada, mas depois o médico me acalmou dizendo que a insulina era para baixar a glicose mais rápido, que não era indicado no momento eu tomar medicação oral para baixar a glicose.
Mas de coração, não me arrependi do contrabando, eu estava faminta e me senti até mais forte depois de comer algo com um pouquinho mais de sal. Eu que sempre tive a pressão arterial baixa, quando ficava sem se alimentar dava fraqueza danada.
Não aconteceu nada de muito significante no dia, as noticias são sempre as mesmas.
Resumo técnico do dia:

– O estômago deu uma melhorada, acho que era falta de comida, rsrs.

– Ter que beber muita água sem estar com sede é algo que estava difícil de fazer.

– Fiquei o dia inteiro sem curativo.

– O tédio começou a bater forte, já que não tinha absolutamente nada para fazer e os médicos não gostavam de ver a gente muito tempo na cama. O jeito foi ficar no corredor do lado de fora da ala do transplante, assim sempre dava para orientar as pessoas que estavam perdidas, alias, foi o que mais fiz nesse dia.

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