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Pressão psicologica…

Na segunda fui até o HC em uma consulta de rotina. Cheguei antes de horário e fui para fila esperar a distribuição da senha.
Após alguns minutos, passei pela triagem que informou que eu seria atendida no 10° andar por estudantes (eu estava no 5° andar), até aí, nenhum problema, fui para o elevador e lá começou a saga.

O elevador não subia até o 10° andar, então eu que estava no 5° fui até o 9° andar e ao invés do elevador subir para o 10°, ele voltou a descer.
Conforme a porta do elevador abria, eu via algo diferente, o começo parecia com “A Porta das Esperanças”, mas conforme ia avistando Centros Cirúrgicos que ficavam sempre do lado esquerdo do elevador, milhares de jalecos brancos passando com cara de preocupação, o cenário mudou e virou “A Porta dos Desesperados”.
Quando finalmente cheguei no 10° andar, vi mais um centro cirúrgico e pelo menos uns 3 corredores imensos, sem exagero, eu não enxergava o fim.
Pergunta para um funcionário, pergunta para outro e nada, ninguém sabia onde ficava o setor que tinha que ir. Acabei passando por pelo menos 2 enfermarias e tive flashbacks da minha internação. Tudo estava muito silencioso e sombrio, por ser um hospital tão grande, eu esperava mais movimento.
No 10° andar, existe a Ala de Transplantes de Fígado, quando olhei para o corredor daquela ala, fiquei sem movimentos, acho que ali caiu a ficha da importância que tem o transplante na minha vida, a ala estava absolutamente vazia, acho que fiquei uns 5 minutos observando e não vi um funcionário sequer. Entrei em pânico! Tentei respirar fundo e continuei procurando o tal do setor, mas então comecei passar por mulheres grávidas e fiquei pensando “eu nunca vou poder ter essa experiência”, e a angustia aumentou, mesmo eu que sempre disse que nunca queria ter um filho biológico, que antes de saber da doença já afirmava isso, pois naquele momento eu estava angustiada por não poder de forma alguma passar por uma gravidez. Para complicar ainda mais, acabei parando de frente ao berçário e ali desabei.
De um lado um centro cirúrgico, de outro um berçário, mais adiante a ala de transplantes de fígado e em seguida um corredor sem fim. Foi o suficiente para eu surtar.

Andar pelo HC e não se perder é milagre, o lugar é gigantesco, são vários prédios interligados, quando você percebe entrou por um lugar e saiu por outro completamente diferente. Geralmente eu levo na boa quando eu me perco lá dentro, mas dessa vez foi tanta informação e confusão junto, que não deu para levar na boa.
Eu me julgava preparada para o transplante, mas depois de ver a enfermaria, os centros cirúrgicos, pessoas internadas e pessoas esperando para serem internadas. Vi que meu psicológico ainda precisa ser bem trabalhado para aceitar o transplante quando ele vier.
Para completar não consegui achar o setor e saí correndo do HC, praticamente fugi do lugar. No caminho de volta para casa não parava de chorar, era pensamento atrás de pensamento.
– Se eu transplantar e minha família não me achar ali dentro?
– Se me chamarem e eu ficar com medo?
– Se quando me chamarem eu não achar o lugar?

Enfim, minha cabeça começou a aumentar um problema que na verdade nem existia, abaixei a guarda e experimentei uma angustia sem tamanho. Aí toca falar bobagens, pensar bobagens e querer fazer bobagens.
Toda aquela força interior que eu tinha desapareceu e nada do que me dissessem melhorava, as vezes até piorava.
Fiquei nesse estado mental por 2 dias, então resolvi dar um “rebot” mental, liguei meu PS3 e joguei, joguei, joguei, até que percebi que estava mais empenhada no jogo que no resto, então dei por mim que a fase louca-mentecapta foi embora.
Depois disso, agora só entro no HC com um fone no ouvido, escutando musicas divertidas e que me colocam pra cima, nesse “golpe” eu não caio mais.

Isso é para vocês verem como uma ‘coisinha’ vira uma ‘COISONA’ se você não manter o equilíbrio mental.

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