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Quinta-Cheia… Parte II

Eu resolvi escrever esse texto dias depois, para não se tornar um post emocional e sim um post racional.
A opinião deixada aqui não é generalizada, é apenas para aqueles onde a “carapuça servir”.

Todo ser humano, sem distinção de qualquer espécie, seja de  raça, cor, sexo,  língua, religião, idade, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou condição sócio-econômica, nascimento ou qualquer outra condição,  tem direito a um padrão de vida que lhe assegure saúde e cuidados médicos. Entende-se por saúde, não a ausência de doença,  mas  o  resultante  das  adequadas  condições  de  alimentação,  habitação, saneamento, educação,  renda, meio ambiente,  trabalho,  transporte, emprego,  lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. Este conceito amplo significa a garantia pelo Estado dos direitos sociais fundamentais de cidadania. Assim entendida, a saúde de uma comunidade não pode ser o resultado da atuação isolada de uma única profissão, mas sim das atividades multiprofissionais. A Medicina, enquanto profissão tem por fim a promoção, preservação e recuperação da saúde, e seu exercício é uma atividade eminentemente humanitária e social. É missão do médico zelar pela saúde das pessoas e da coletividade, aliviar e atenuar o sofrimento de seus pacientes, mantendo o máximo de respeito pela vida humana, não usando seus conhecimentos contrariamente aos princípios humanitários.


Para eu descobrir que meus rins pararam de funcionar, eu passei por mais de 15 médicos, onde todos eles me tratavam com antibióticos (veneno para os rins), pediam RX e me liberavam em seguida. A maioria sempre me atendia com pressa, como se o que eu estava sentindo não fosse importante ou não fosse verdade. Lembro que em uma das ultimas tentativas em obter um diagnóstico, eu cheguei a chorar dentro do consultório implorando para que o médico investigasse melhor meu caso, e ele até tentou, pediu uma ressonância magnética da coluna, onde só me chamaram para fazer quando estava já há 1 ano na hemodiálise (ou seja, quase 2 anos esperando ser chamada para o exame).
Após o diagnostico, eu passei por mais médicos ainda, incontáveis, o atendimento em sua maioria foi o mesmo, os médicos parecem ter um cronometro onde te deixa falar por 2 minutos,  então te interrompe, fala algo que você já sabe, você tenta argumentar que não é bem pra isso que você esta lá, aí você passa a ser desprezada e teorias do que você tem e/ou precisa são criadas em segundos, recebe uma receitinha médica e um “tchau”.
Pensando que o problema era eu, entrei no consultório com mãe, com irmão e o esquema continuou o mesmo, parece existir um fluxograma no atendimento ao paciente, eu vejo um médico robô e o medico deve me ver como mais um numero.
Quinta passada  tive que voltar a consulta com a Nefrologista do Hospital Brigadeiro, eu havia adorado o atendimento dela, tanto que ela também me atendeu no Hospital das Clinicas. Eu estava criando uma expectativa tremenda em cima dessa consulta, porque algumas coisas seriam definidas e eu tinha certeza que ela me ajudaria também em questões não relacionadas aos rins, me encaminhando ao lugar certo.
Havia chegado muito cedo no hospital, então fiquei ouvindo conversas, escrevendo algumas idéias e conversando com minha mãe, até que descobri que iria passar com outro médico, que a Dra. que me atendeu antes não iria estar lá. Fiquei desapontada, esse negocio de cada vez passar em um medico diferente e ter que contar tudo novamente, mesmo quando tem tudo descrito em seu prontuário é cansativo. Bom, apesar do desapontamento, ainda estava ansiosa, e até o momento, todos os médicos que havia passado no Hospital Brigadeiro foram extremamente gentis e preocupados em fazer o melhor.
Quando o medico chegou, havia apenas eu e mais uma paciente para passar com ele, fiquei tranquila, porque devido a isso, achei que o medico não iria correr na consulta.
Ao entrar no consultório, como previsto, eu tive que explicar tudo desde o começo, e quando informei que estava dialisando apenas 2x por semana e por 03h30min. a consulta acabou ali e virou um bate-boca com insinuações e desrespeito.

Segue o dialogo, lembro como se fosse hoje.
Médico: O que você fez para aprovarem você apenas 2x por semana?
Eu: Não fiz nada, meu medico decidiu isso por eu passar muito mal na hemodiálise.
Médico: Pode falar a verdade, você trapaceou.
Eu: Se lutar pela vida toda vez que eu dialisava era trapacear, então realmente eu o fiz.
Médico: Você sabe que passar mal durante a hemodiálise é praticamente normal, nem por esse motivo você tem que deixar de ir.
Eu: Eu tenho ciência disso, e nunca iria me prejudicar para ganhar um dia livre, quem vai em 2, vai em 3.
Médico: Não é bem assim, estamos falando de um dia inteiro livre dos sintomas da diálise.
Eu: E eu estou falando da minha vida.
Médico: Você é muito irresponsável por fazer hemodiálise 2x por semana e ainda por 03h30min, o correto são 3x pro semana por 4 horas.
Eu: Bom, eu vim aqui resolver outros problemas e não discutir a frequencia com que eu faço hemodiálise.
E mostrei a lista que havia feito, com sintomas, medicações que tomo e os resultados do PTH.
O medico simplesmente ignorou a lista, e falou que todos os sintomas são normais sem nem ao menos ler o que estava escrito, acontece que alguns sintomas que descrevi não são relacionados aos rins, ele nem se deu ao trabalho de ler.
Estava emocionalmente abalada e não conseguia nem me expressar mais, simplesmente o deixei falar, falar, falar, falar, falar… Eu não estava acreditando na postura do “profissional”, achei extremamente antiético receber acusações. O médico tirou conclusões a meu respeito sem me conhecer, era a primeira vez que ele estava me vendo. 
Após o deixar falar pelos cotovelos, eu peguei meus exames que estavam todos espalhados pela mesa onde ele analisou porcamente alguns deles e saí do consultório quase chorando.
Saí tão mal do consultório que voltei para casa passando mal, fiquei o resto da quinta passando mal e passei mal na sexta também, só me acalmei no sábado. Passei mal por nervoso, por frustração, por ser atendida por um cavernoso, que acha que tratar paciente deve ser como os homens das cavernas dos desenhos animados fazem para conquistar uma mulher, ou seja, com um porrete na cabeça.
Vale a pena estudar vários anos, varias horas por dia, para se tornar isso? Se alguém quer trabalhar com medicina deve amar incondicionalmente o ser humano, deve ter tato para lidar com as pessoas ou senão trabalhar com pesquisas, assim evita a fadiga de ter que tratar o paciente diretamente.
Se eu me proponho a fazer algo, eu quero fazer da melhor forma e ficaria envergonhada de fazer um trabalho porco, ainda mais se interferisse na vida de outra pessoa.
É triste passar por uma situação dessas, mas lamento ainda mais pelo médico, uma pessoa ignorante, só espero que um dia ele aprenda a tratar melhor seus pacientes.

Não são todos os médicos que são assim, conheço médicos maravilhosos, mas infelizmente na maioria, parece que os princípios giram em torno de dinheiro e interesses próprios, quando que para essa profissão, a essência da comunidade e da generosidade deveria ser superior ao materialismo.
Eu não faço idéia de como é a realidade dos médicos, não sei quais são as maiores frustrações, as maiores dificuldades, mas a partir do momento que escolheram tratar de outras pessoas, a postura profissional deve ser mantida independente da vida pessoal. Como citei, médico deve ter amor incondicional ao ser humano e deve tratar por igual seus pacientes, independente do histórico.


Conclusão: Seria melhor não ter pego chuva, nao ter esperado mais de 2h pela consulta e ter ficado em casa dormindo, pois não me ajudou em nada passar na consulta com esse médico, pelo contrario, só me atrapalhou.


Obs: Saí tão frustrada, que deixei o Ecocardiograma em cima da mesa do médico e só percebi na sexta, se ele não colocou o exame no meu prontuario, terei que fazer outra vez o Eco (se não aceitarem uma copia que tenho escaneada).

2 comentários em “Quinta-Cheia… Parte II”

  1. Acho tão estranho andares de nefrologista em nefrologista, aqui em Portugal o meu nefrologista é o mesmo no hospital e na clinica, é tão importante o mesmo medico nos acompanhar porque assim conhece-nos e é muito mais facil agir quando surge algum problema. Muita força.Leonor

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  2. Leonor, meu sonho de consumo é ter um único especialista em cada area, essa roleta russa de medicos é cansativa e muitas vezes não dá em nada. Portugal esta anos luz a frente do Brasil.

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