Fui buscar o exame de sangue, e fazer a ressonância, e enquanto estava fazendo a ressonância, nem percebia que do lado de fora, meu irmão, minha mãe e minha cunhada se programavam para me arrastar até o hospital.
Fazer ressonância foi a primeira experiência estranha de muitas que viriam. O barulho que aquela maquina faz é horrível, quando saí do exame, estava completamente desnorteada, não sabia como saia do lugar, entrava em corredores, passava por portas e não achava a saída, depois de muito procurar, achei a saída, e foi quando a minha aventura no mundo da IRC iria de fato, começar.
Ao sair do exame, não achei ninguém, quando achei, já recebi a noticia que meus exames estavam com praticamente os mesmos resultados que o primeiro. Meu irmão havia proposto que fossemos direto para o hospital, e eu na maior insegurança, pedi para ir para casa almoçar e depois iríamos.
Eis o resultado do exame:
Hemoglobina: 6,8
Hematocrio: 21,6
Uréia: 191
Creatinina: 11,88
Sódio: 142
Potássio: 4,1
Em casa, tentei evitar a todo custo ir para o hospital, mas não teve jeito, acabei sentando no banco de trás do carro, e fomos direto para o hospital Santa Marina (Vila Sta. Catarina/SP), lembro do meu irmão dirigindo e conversando com minha cunhada, que estava sentada ao lado dele, e minha mãe do meu lado, me olhando atenta e silenciosamente, tentando me transmitir algum tipo de força, mas que não me atingia, pois meu medo de médico/hospital/agulhas estava falando alto dentro de mim.
Chegamos no hospital, e novamente me ofereceram a cadeira de rodas, que prontamente neguei, pois andar naquilo foi muito triste, não queria andar de novo.
Abri minha ficha no pronto socorro, e aguardei a triagem, para depois passar no medico.
Na triagem, tiraram minha pressão e perguntaram o que estava sentido, lembro que disse “Não sinto nada, mas meu exame de sangue esta bem alterado!”, a enfermeira viu os exames e me olhou com uma cara de dó, eu não entendi na hora, saí da sala de triagem e fiquei esperando o médico me chamar.
Depois de uns 30 minutos esperando, o médico finalmente me chamou. Meu irmão e minha cunhada entraram no consultório comigo. O médico ao olhar meu exames falou “vou te internar!”, eu que nunca fui internada na vida, não estava entendendo nada, não entendia por que seria internada, não entendia qual era a gravidade sendo que não sentia nada, exceto pelas dores agudas nos calcanhares/joelhos.
Eu tentei resistir tambem a internação, tentando argumentar que não estava preparada, que tinha que deixar algumas coisas prontas em casa, e se não poderia vir no dia seguinte, o médico deixou por mim, mas avisou que poderia piorar meu quadro clinico, nisso meu irmão já passou minha frente e falou que eu iria internar.
Enquanto esperava a autorização do convenio, fui encaminhada para uma sala de espera, onde uma enfermeira colocou um acesso no meu braço direito para facilitar os exames e as medicações que estariam por vir. Eu em desespero e sem entender nada, chorava, tremia e implorava para ir para casa.
Enfim, passado umas horas o convenio negou a internação naquele hospital, mas encaminhou uma ambulância para que minha internação acontecesse em outro hospital, o Vasco da Gama (Brás/SP). Seria tambem a primeira vez que andaria de ambulância na vida.
Já era noite quando dei entrada no hospital, quem havia me acompanhado na ambulância era a minha cunhada. Minha mãe e meu irmão foram em casa buscar roupas e produtos de higiene para minha internação.
Cheguei ao hospital, um medico me examinou, e fiquei aguardando a liberação do quarto para que eu pudesse ser internada, não demorou muito, minha mãe e meu irmão chegaram e em seguida o quarto liberado.
Fui para o quarto, já estava exausta com tanta informação e confusão, que só queria dormir, meu irmão e minha cunhada foram embora, e minha mãe ficou comigo.
Ajeitamos nossas coisas no quarto, ligamos a TV e em poucos minutos já estava dormindo.